Geralmente a Páscoa nos pega num bonito domingo de sol. E para a celebração da ressurreição não poderia deixar de ser assim, mesmo. Com sol, alegria e a garrulice da criançada atrás dos seus ovos de chocolate, dos coelhinhos e de outros símbolos que vão sendo acrescentados à festa milenar. Para os religiosos é um momento de paz e reencontro. O calvário de Cristo já passou e agora tudo é alegria. E para outras crenças, a proximidade globalizada permite uma interação ecumênica e agradável. E vamos, todos, nos preparar para a reunião familiar, para o bom almoço e para os cuidados com tanto chocolate. Enquanto nos lembramos de boas e velhas Páscoas para jogar na conversa do meio da tarde de domingo… Como, por exemplo, quando eu morava numa ampla casa térrea, no bairro do Sumaré, em São Paulo, e tinha as duas filhas gêmeas — Vanda e Valéria — ainda pequenas e crédulas. Estavam na idade linda de acreditarem em Papai Noel, fadas, bruxas e… coelhos de Páscoa. As irmãs mais velhas, principalmente a Magali, preparavam terreno. Uns dias antes já falavam que no domingo tal, de Páscoa, um grande coelho desceria pela chaminé e traria belos ovos de chocolate para as duas menininhas. E elas ficavam entre maravilhadas e atemorizadas. Não sabiam em que emoção pisar. Se na alegria de ganharem um belo ovo de Páscoa ou no susto de depararem com um grande coelho, ao vivo e em cores, descendo pela chaminé. E para melhorar a encenação, havia na casa uma bela chaminé com sua lareira respectiva, no canto da grande sala. E quando chegava o domingo o coraçãozinho das gêmeas pulava de ansiedade já quando acordavam. Vestiam roupinhas novas, lindinhas, tomavam um lanche misturado com risinhos nervosos e saíam para o jardim, levadas pelas irmãs, para verem se o coelho havia chegado. E para espanto, susto, alegria, tudo misturado, o coelhão estava lá, sobre o telhado, encostado na chaminé, todo branco, bigodinhos bem esticados no rosto, grandes orelhas, acenando alegremente. Nessa hora elas mais que depressa largavam das mãos das irmãs e se enfiavam na casa, de novo, com medo. E era todo um novo discurso para trazê-las de volta ao jardim e conseguirmos que finalmente sorrissem e acenassem para o grande coelho. De repente o coelhão sumia… e aparecia em seguida, milagrosamente, na sala, ao lado da lareira, com um monte de ovos de chocolate nas mãos. Era uma festa maior, a partir desse momento. As gêmeas grudavam no Coelho e queriam saber tudo da vida dele… e de cara, descobriam que nem Coelho era. Era a Coelha Mimi, conforme se apresentou, falante e brincalhona, contando mil histórias do distante reino da Páscoa, habitado por coelhinhos como ela, que passavam o ano todo fabricando os ovos para a festa daquele domingo. Depois de algum tempo de confraternização, a Mimi se despedia, prometia voltar no ano seguinte e dali a pouco estava acenando lá de cima do telhado, encostada na chaminé. As crianças eram trazidas para dentro… e não viam a Mimi descer por outro lado da casa, tirar a roupa de coelho e se transformar na irmã Magali. E quando Magali chegava na casa, vinda de algum lugar fictício, era outra festa. Com as gêmeas Vanda e Valéria querendo contar pra ela tudo o que havia acontecido. Lembro-me que houve mais de uma Páscoa com a Mimi encarapitada sobre o telhado. Nos anos seguintes sem tanto susto. Para minhas filhas gêmeas, hoje adultas, todas as Páscoas ainda devem ter um toque da Coelhinha Mimi. E para a Magali, ex-linda coelhinha, deve estar sobrando saudade destas belas e festivas Páscoas onde sua imaginação e alegria contagiante faziam a diferença entre o que poderia ser uma bela comemoração mas que se transformava, graças a ela, numa inesquecível troca de carinho, de amor. Boa Páscoa!
domingo, abril 5
Os bons novos e velhos domingos de Páscoa
Geralmente a Páscoa nos pega num bonito domingo de sol. E para a celebração da ressurreição não poderia deixar de ser assim, mesmo. Com sol, alegria e a garrulice da criançada atrás dos seus ovos de chocolate, dos coelhinhos e de outros símbolos que vão sendo acrescentados à festa milenar. Para os religiosos é um momento de paz e reencontro. O calvário de Cristo já passou e agora tudo é alegria. E para outras crenças, a proximidade globalizada permite uma interação ecumênica e agradável. E vamos, todos, nos preparar para a reunião familiar, para o bom almoço e para os cuidados com tanto chocolate. Enquanto nos lembramos de boas e velhas Páscoas para jogar na conversa do meio da tarde de domingo… Como, por exemplo, quando eu morava numa ampla casa térrea, no bairro do Sumaré, em São Paulo, e tinha as duas filhas gêmeas — Vanda e Valéria — ainda pequenas e crédulas. Estavam na idade linda de acreditarem em Papai Noel, fadas, bruxas e… coelhos de Páscoa. As irmãs mais velhas, principalmente a Magali, preparavam terreno. Uns dias antes já falavam que no domingo tal, de Páscoa, um grande coelho desceria pela chaminé e traria belos ovos de chocolate para as duas menininhas. E elas ficavam entre maravilhadas e atemorizadas. Não sabiam em que emoção pisar. Se na alegria de ganharem um belo ovo de Páscoa ou no susto de depararem com um grande coelho, ao vivo e em cores, descendo pela chaminé. E para melhorar a encenação, havia na casa uma bela chaminé com sua lareira respectiva, no canto da grande sala. E quando chegava o domingo o coraçãozinho das gêmeas pulava de ansiedade já quando acordavam. Vestiam roupinhas novas, lindinhas, tomavam um lanche misturado com risinhos nervosos e saíam para o jardim, levadas pelas irmãs, para verem se o coelho havia chegado. E para espanto, susto, alegria, tudo misturado, o coelhão estava lá, sobre o telhado, encostado na chaminé, todo branco, bigodinhos bem esticados no rosto, grandes orelhas, acenando alegremente. Nessa hora elas mais que depressa largavam das mãos das irmãs e se enfiavam na casa, de novo, com medo. E era todo um novo discurso para trazê-las de volta ao jardim e conseguirmos que finalmente sorrissem e acenassem para o grande coelho. De repente o coelhão sumia… e aparecia em seguida, milagrosamente, na sala, ao lado da lareira, com um monte de ovos de chocolate nas mãos. Era uma festa maior, a partir desse momento. As gêmeas grudavam no Coelho e queriam saber tudo da vida dele… e de cara, descobriam que nem Coelho era. Era a Coelha Mimi, conforme se apresentou, falante e brincalhona, contando mil histórias do distante reino da Páscoa, habitado por coelhinhos como ela, que passavam o ano todo fabricando os ovos para a festa daquele domingo. Depois de algum tempo de confraternização, a Mimi se despedia, prometia voltar no ano seguinte e dali a pouco estava acenando lá de cima do telhado, encostada na chaminé. As crianças eram trazidas para dentro… e não viam a Mimi descer por outro lado da casa, tirar a roupa de coelho e se transformar na irmã Magali. E quando Magali chegava na casa, vinda de algum lugar fictício, era outra festa. Com as gêmeas Vanda e Valéria querendo contar pra ela tudo o que havia acontecido. Lembro-me que houve mais de uma Páscoa com a Mimi encarapitada sobre o telhado. Nos anos seguintes sem tanto susto. Para minhas filhas gêmeas, hoje adultas, todas as Páscoas ainda devem ter um toque da Coelhinha Mimi. E para a Magali, ex-linda coelhinha, deve estar sobrando saudade destas belas e festivas Páscoas onde sua imaginação e alegria contagiante faziam a diferença entre o que poderia ser uma bela comemoração mas que se transformava, graças a ela, numa inesquecível troca de carinho, de amor. Boa Páscoa!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário