Com tanto livro a ser publicado todos os dias, e os autores disponíveis para conversas, debates e autógrafos, não é lá muito fácil aos escritores mortos sobreviverem (perdoem o paradoxo). Há, porém, maneiras felizes de os trazer de volta à leitura – e leio no Guardian que as vendas de alguns clássicos (David Copperfield, de Charles Dickens, ou Guerra e Paz, de Tolstoi, por exemplo) subiram 10% no último ano pela simples razão de terem sido objecto de novas adaptações televisivas, convocando leitores e também muitos «releitores» para as obras. Mas há inúmeros livros que não tiveram a sorte de chegar ao grande ou ao pequeno ecrã, pelo que os editores britânicos tiveram de recorrer a outros expedientes e gastar tempo e dinheiro a adivinhar o que a nova geração – que pode ler no ecrã do telemóvel o e-book, e frequentemente de graça – procura realmente num clássico em papel. Prefácios e apresentações dos textos por gente com gabarito? Formatos agradáveis, fáceis de folhear e transportar? Bonitas ilustrações no interior e na capa? Colecções de sonho que toda a gente quer ter nas estantes? Livros subdivididos em vários livros menores? Um editor da Penguin Classics diz que a edição das poesias completas de Emily Brontë vendia algumas centenas de exemplares por ano, mas desde que publicaram uma selecção dos poemas com 80 páginas já venderam 30 000... Por outro lado, o director de arte da Penguin acha que algumas capas podem intimidar certos leitores e, embora as antigas continuem em circulação, «refrescou» o ar clássico, esperando atrair um novo público. Parece que agora a competição não pára e que os mortos estão a regressar às estantes a toque de caixa...
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