Aos 59 anos, o premiado autor de “Abraçado ao meu rancor”, “Malagueta, perus e bacanaço” e “Leão de chácara” morreu apoucado, quase esquecido. Elogiado nos anos 1960 e 70 por críticos como Antonio Candido, Paulo Rónai e Alfredo Bosi, que o tinham como um herdeiro direto de Lima Barreto, ao assumir personagens marginais como protagonistas — e tome malandros, prostitutas, traficantes, bêbados —, João Antônio passava por um momento apagado nos anos 1990. A obra do jornalista e escritor só recuperou o prestígio quase dez anos depois de sua morte, quando a família doou parte do acervo à Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), aumentando o interesse acadêmico sobre seus escritos; e parte à editora Cosac Naify, que relançou seus títulos em edições de luxo.
Acervo de anotacoes e cartas do escritor |
Com o fim da Cosac, em dezembro, o legado de João perigou mais uma vez. Até o editor Milton Ohata abraçar o arquivo e levá-lo à Editora 34. Literalmente: o material está em duas caixas de polietileno azul, que, encimadas, cabem num abraço. Ao vasculhar os papéis, Ohata encontrou muito material ainda inédito em livro, como longas reportagens literárias, deliciosas crônicas musicais e textos sobre o cotidiano carioca. A boa notícia para os fãs de João Antônio — certamente há um séquito deles ainda jogando sinuca em bares do Rio, São Paulo, Osasco ou Berlim, cidades onde o autor viveu — é que todos esses textos serão lançados pela 34 a partir do ano que vem. E também uma nova edição dos seus “Contos reunidos” e versões mais acessíveis dos contos separadamente.
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