Eduard Swoboda, O pequeno bibliófilo, 1902
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O amor ao livro e o hábito da leitura vêm de longe e constituem um dos interesses centrais de minha vida. Esses interesses poderiam ter sido atendidos sem que tivessem resultado numa biblioteca de proporções talvez excessivas, se eu me tivesse sempre limitado aos livros que conseguisse ler, comprando um livro de cada vez, e só comprando o seguinte depois de ter lido o anterior. Mas não foi o que aconteceu, e não creio que tenha acontecido a ninguém que eu conheça, e que realmente goste de livros.
O livro exerce uma atração multiforme, que vai muito além da leitura, embora esta seja um ponto de partida fundamental. Em primeiro lugar, existe sempre a ilusão de que se vai conseguir ler mais do que na realidade se consegue. Depois vem o desejo de ter à mão o maior número possível de obras de um autor de quem se gosta – já é o começo de uma coleção. Conseguido o conjunto, que sempre se quer o mais completo possível, surge o interesse pelas primeiras edições, geralmente raras, e a atração pelo livro como objeto, e também como objeto de arte, em que entra a qualidade do projeto gráfico, a ilustração, a diagramação, o papel, a tipografia, a encadernação; e aí já surge a busca da raridade.
José Mindlin
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