quarta-feira, outubro 26

Em Frankfurt, artista pede 100 mil livros para construir templo grego


A ideia é botar de pé um monumento que simbolize os ideais estéticos e políticos da primeira democracia do mundo. A artista argentina Marta Minujín pediu a ajuda de leitores e editores na Feira do Livro de Frankfurt, nesta quinta-feira (20), para reconstruir O Parthenon dos Livros, instalação que montou em Buenos Aires em 1983, durante a ditadura argentina.

A artista quer reunir, como na obra original, cem mil livros proibidos —agora ou no passado. A nova versão do Parthenon será erguida em 2017 durante a Documenta de Kassel, cidade alemã onde os nazistas queimaram 2.000 livros em 1933.

"Parthenon" de 1983 em Buenos Aires

A obra de Minujín foi uma dos símbolos da redemocratização argentina e trazia obras banidas pela junta militar que governava o país. Ela foi inaugurada cinco dias depois das eleições democráticas.

Dessa vez, serão reunidos livros de todo o mundo. A ideia, como na época, é que o público possa pegá-los para si. O que sobrar deve ser doado para bibliotecas.

“[A ditadura na Argentina] foram anos de tristeza, privação de liberdade. Conseguir deixar a instalação de pé foi um milagre, com a ajuda das pessoas consegui 30 mil livros”, relembrou Minujín.

Dois contêiners estão disponíveis na Feira de Frankfurt para receber as doações.

“Nesse novo Parthenon, pensei no mundo em crise, perverso na [política de fronteiras], com os imigrantes. Quero dar representação a todas as vozes em todas as línguas possíveis”, disse a artista.

Ela aproveita a feira para pedir ajuda de editores. Durante a cerimônia, uma mulher, que se apresentou como da editora alemã Suhrkamp, lhe presenteou com cinco livros. “Por favor, peça para sua editora mandar 2.000!”, disse a artista.

Pesquisadores da Universidade de Kassel fizeram uma lista de livros proibidos ou que causaram mal-estar político —relação que vai crescer conforme as pesquisas continuarem.

Há, até agora, um livro brasileiro na lista: “O Alquimista”, de Paulo Coelho, que em 2011 afirmou que seus livros haviam sido proibidos no Irã. Na relação, também estão “O Código Da Vinci”, de Dan Brown; “A Ópera dos Três Vinténs”, de Bertolt Brecht; “Versos Satânicos”, de Salman Rushdie; e “As Vinhas da Ira”, de John Steinbeck, entre outros.
Fonte: Folha de S. Paulo

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