A ideia surgiu do coletivo Rizoma, uma distribuidora independente formada no fim do ano passado pelas editoras Autonomia Literária, Elefante e N-1. A proposta delas é abrir brechas para publicações que não têm espaço em grandes livrarias, funcionando como uma cooperativa, sem fins lucrativos.
“Pensamos em criar uma alternativa de circulação com esse modelo estratégico de guerrilha, chamando uma rede de amigos para ajudar nas vendas com porcentagens mais justas”, diz Cauê S. Ameni, 28, da Autonomia Literária.
O ônibus deve funcionar como um braço cultural da distribuidora para circular livros e ideias. “Pode ser uma plataforma para eventos gratuitos, shows, teatro, contação de histórias, debates e filmes”, diz Bianca Oliveira, 31, da Elefante. Ela projetou o espaço da livraria com a ajuda do pai, que é marceneiro, e do coletivo Piparia.
“Tudo começou com a paixão pelo livro”, afirma o filósofo Peter Pál Pelbart, 60, da N-1. “É uma pena que ele tenha sido reduzido a uma mera mercadoria, quando é um agente de transformação. Livro pode ser uma arma, uma dinamite.”
Além dos livros do coletivo, o Rizomamóvel, como é chamado o ônibus, também traz títulos de outras nove editoras parceiras, como a Lote 42 e a Mino. Ao todo, há cerca de 700 livros.
“A maior parte das editoras independentes trabalha por paixão, não é um mercado que dá muito dinheiro, as tiragens são pequenas e as publicações são muito mais bem-cuidadas”, diz Isabela Sanches, 29, assistente editorial da N-1.
Como um rizoma, raíz que cresce horizontalmente e inspirou o pensamento dos filósofos Félix Guattari e Gilles Deleuze, o coletivo pretende criar uma rede de pequenas editoras que têm as mesmas dificuldades e o desejo comum de circular.
“Hoje, está todo mundo no ‘plim plim’, na telinha. Então, todo espaço aberto para a leitura na rua é muito bem-vindo”, disse a psicóloga Marisa de Melo, 51, ao visitar o Rizomamóvel pela primeira vez.
A estreia do “busão-livraria” foi em frente à Biblioteca Mário de Andrade, no centro, em outubro do ano passado. A segunda parada foi na entrada do centro cultural b_arco, em Pinheiros. Já no começo deste ano, o ônibus estacionou no ponto fixo da Bela Vista. E lá deve permanecer até o fim deste mês.
No futuro, o coletivo deseja botar o ônibus para rodar em bairros da periferia e fazer pequenas viagens. “Temos um custo para se mover, só não rodamos mais por falta de recursos, então apoios são sempre bem-vindos”, diz Tadeu Breda, 32, da Elefante.
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