Há quem adquira sentido de humor e uma alegria estonteante ao beber álcool, mas no dia seguinte é que são elas... Há também quem esteja de tal modo viciado em drogas duras que faça tudo (roubar, por exemplo) para que não lhe falte a dose seguinte, já que a ressaca acarreta, pelo que sei, dores insuportáveis. Nada disto se pode comparar, obviamente, com o vício da leitura; mas leio num blogue chamado Liprópatas que há gente que tem verdadeiras ressacas depois de ler determinados livros de forma intensa e intensiva. Começa logo porque o livro fatalmente tem um fim (presumo que o medo de que acabe seja uma pré-ressaca) e depois surge uma espécie de vazio (é ainda cedo para o substituir e, por isso, existe a tentação de voltar a ele e reler ou sublinhar as partes de que mais se gostou). Mas os efeitos secundários desta ressaca de leitura incluem também procurar todas as informações disponíveis sobre o autor na Internet, comprar todos os seus livros e, inclusivamente, tentar contactá-lo nas redes sociais e em clubes de fãs para exprimir opiniões pessoais e fazer elogios... O blog aconselha, para minimizar a ressaca, procurar um amigo que tenha lido o mesmo livro e falar com ele sobre a experiência. Se pensarmos naquele romance de Stephen King que deu origem a um filme – Misery –, facilmente concordaremos que o escritor deve ser deixado de fora das nossas ressacas.
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