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A morte não tem pressa, deixa o tempo se espreguiçar. Há quinze anos, já, envelhecem na sala o gato cego e o sofá.
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Vi hoje. Ao ônibus que passava em frenética velocidade, um latinista de ocasião perguntou de supetão: ei, ei, quo vadis?
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Quando dez ou doze jovens poetas se reúnem, o único risco que a sociedade corre é o lançamento de mais uma antologia.
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Por pior que seja a jornada, jamais seja tão sofrida que a vida seja execrada e a morte seja querida.
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Não sou dos normais. Comigo o prêmio é castigo. A pior fase, a mais amarga da minha vida, vivida foi em Pasárgada.
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Não tenho realeza nem excelência. Atinjo, quando muito, jamais a quinta, mas somente a quartessência.
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Há mortos que continuam andando por aí. Alguns chegam a assobiar e a cantarolar. Não sou desses ecléticos. Limito-me a andar, ainda que tropegamente.
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Enquanto os poetas líricos celebravam musas e os românticos falavam de flores, Augusto dos Anjos tratava de seus amores: as aberratórias abstrações abstrusas.
Raul Drewnick
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