Os jornalistas Lucas Rossi e Ricardo Chapola lançam hoje no Canto Madalena, em São Paulo, o livro “Crônica: O jornalismo de short” (Editora Patuá). A obra nasceu da inquietação dos autores no tempo da faculdade sobre a sempre complexa relação entre crônica, literatura e jornalismo. “Perguntávamos: por que não juntarmos duas coisas que amamos fazer num único TCC? Nós dois amamos jornalismo. Nós dois amamos crônica. Dá pra fazer jornalismo fazendo crônica? E no fim, a gente conseguiu! Entregamos um TCC que foi aclamado pela academia e que virou livro”, explica Chapola.
Os autores realizaram entrevistas com cronistas como Antonio Prata, Xico Sá, Vanessa Barbara e Tutty Vasques para tentar entender como o próprio cronista enxerga o seu ofício. O livro também conta com um histórico do gênero. O prefácio, que segue abaixo, é de Luis Fernando Verissimo.
Os autores realizaram entrevistas com cronistas como Antonio Prata, Xico Sá, Vanessa Barbara e Tutty Vasques para tentar entender como o próprio cronista enxerga o seu ofício. O livro também conta com um histórico do gênero. O prefácio, que segue abaixo, é de Luis Fernando Verissimo.
O Lucas Rossi e o Ricardo Chapola foram perguntar o que é crônica para cronistas. Logo para cronistas! Um pouco como pedir para a galinha explicar o ovo. Assim como a galinha, não temos nenhuma teoria sobre o que fazemos, somos apenas poedeiros. O que não significa que não inventemos explicações, quando pressionados. Não sei quantas vezes já me perguntaram o que é crônica, e improvisei uma resposta diferente a cada vez. Repito muito uma definição que não sei de quem é: crônica é tudo aquilo que você diz que é crônica. Uma resposta que obviamente não satisfaz. Insistem: sim, mas é gênero? E se é gênero, é um gênero inferior? Esse tipo de inquisição tem seus riscos. Feita a uma galinha pode torna-la extremamente autoconsciente e aflita, e faze-la começar a por ovos quadrados, redondos, tudo menos ovais. Feita a cronistas, pode paralisá-los para sempre. Nada mais perigoso para o cronista do que se ver diante de uma tela vazia de computador e se perguntar “O que é que eu estou fazendo aqui?” Ou: “Como é mesmo que se põe um ovo, meu Deus?”
Mas o Rossi e o Chapola foram generosos. Em muitos casos pouparam os cronistas da autoavaliação, definindo-os. E além de citar os cronistas que entrevistaram e escolher trechos dos seus trabalhos como exemplo, deram eles mesmos um exemplo prático do que estamos falando. Pois este livro não é outra coisa senão uma grande crônica. E, a partir de agora, sempre que nos perguntarem o que é crônica, afinal, teremos uma resposta inteligente pronta: leiam o livro. Está tudo lá. A categoria agradece.
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