Alguns anos
atrás, o professor Ítalo Moriconi, em uma mesa redonda no Itaú Cultura, lembrou
que o aprendizado da leitura inclui também o aprendizado social da postura, ou
das posturas de leitura. Ler é uma necessidade social, não tem nada de
“natural” nisso, e por isso mesmo temos que aprender. E, ao aprender a ler,
somos forçados a aprender determinadas posturas associadas a esse ato. Como segurar
um livro, jornal ou revista, por exemplo. E que não é viável ler de cabeça para
baixo (nem o livro, nem com o leitor de cabeça para baixo), já que isso entra
no domínio das habilidades circenses.
Quem já
assistiu aulas de alfabetização de adultos – e falo especialmente desses belos
esforços de ensinar pessoas já velhas a ler – percebe claramente a dificuldade
que essas pessoas demonstram para segurar um livro, pegar em um lápis. Nós
aprendemos essas posturas da mesma forma como aprendemos muitas outras regrais
sociais e normas de comportamento, desde a primeira infância.
Essa questão da postura, principalmente em
acontecimentos públicos, assim como a distância física que deve ser mantida
entre as pessoas é tema bem conhecido dos antropólogos, mas não vem ao caso
aqui.
O caso aqui
é que, há um ano e meio, um amigo do meu filho, que também conheço há muitos
anos, chamou minha atenção, dizendo que eu estava andando e ficando parado de
modo muito curvado. Ainda pensei em dizer que era o peso da idade, mas ele
falava a sério. Pediu que eu fosse à clínica que tem com um amigo para uma
avaliação da postura e do que poderia ser feito. Eles trabalhavam também com
isso.
Tratava-se
do Alexandre Blass, que é professor de educação física, e seu amigo é o Marcelo
Semiatzh. Os dois são especialistas em corrigir posturas e treinos específicos
para atletas de alto rendimento. Eu não sou atleta, muito menos de alto
rendimento, mas eles começavam, naquela época, a trabalhar com pequenos grupos
de pessoas para desenvolver esse processo de correção de posturas e exercícios,
que eles chamam de “Força Dinâmica”.
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