Finalmente enxergamos
que é preciso regulamentar os mercados livreiro e editorial. É chegada a hora
de tratarmos o livro não como uma simples mercadoria, mas sim como patrimônio
cultural de uma nação. Enfim, o mercado percebeu que ter o comércio de livros
nas mãos de poucos é extremamente comprometedor para a nossa rica
bibliodiversidade e é um complicador para a nossa cultura.
Levantamento realizado pela ANL (Associação Nacional de Livrarias)constata um enorme deficit de livrarias no Brasil. Temos uma média de 1 livraria para 65 mil habitantes, sendo que o recomendado pela Unesco é de 1 livraria para 10 mil habitantes. A falta de livrarias nos mais diversos rincões de nosso país desestimula a leitura.
A
bibliodiversidade é uma preocupação do mercado livreiro com a formação do
leitor. Trata-se de colocar à disposição uma maior variedade de títulos. Os
grandes grupos editoriais e livreiros apostam na cultura do best seller. É
claro que esses lançamentos mantêm muitas vezes o faturamento das livrarias,
mas é necessário preocupar-se com a qualidade editorial e com a formação do
leitor, que se dá por meio de bons livros clássicos.
Esses clássicos
têm sido preteridos em virtude de terem um apelo comercial supostamente menor.
A circulação dessas obras acaba sendo, de certa forma, esquecida, deixada de
lado, para se priorizar as atualidades. Outra ameaça à bibliodiversidade é
justamente a perda dos fundos de catálogo, os chamados de "cauda
longa". Esses não têm vendagem tão expressiva, mas são importantes e muitos
estão esgotados, porque não há interesse de colocar em circulação livros com
baixa vendagem.
Concentração de
mercado e restrições que as editoras impõem às pequenas e médias livrarias
restringem o acesso ao livro e à leitura
Há mais de 10
anos a ANL defende a moralização do mercado livreiro brasileiro, indo muito
além de estabelecer a Lei do Preço Fixo. Entendemos que a atuação do livreiro
como agente literário pode contribuir muito para que possamos melhorar nossos
precários índices de leitura. Para isto, é fundamental que todos que participam
da cadeia produtiva, criativa e mediadora do livro valorizem a livraria do seu
bairro, da sua cidade, e enxerguem nelas a possibilidade de formar novos
leitores.
Não se pode
negar, ainda, o avanço social por que passa o nosso país, a diminuição da
desigualdade e o aumento da escolaridade, com acesso ao ensino em todos os
níveis. Como complemento a essa ascensão cultural que vive o país, é necessário
facilitar o acesso ao livro e à leitura, e faltam livrarias para esse público.
Infelizmente, com a concentração de mercado e as restrições que as editoras
impõem às pequenas e médias livrarias, o acesso ao livro e à leitura fica
restrito às grandes superfícies.
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