Ali começa o sertão chamado bruto. Pousos sucedem a pousos, e nenhum teto habitado ou ruínas, nenhuma palhoça ou tapera dá abrigo ao caminhante contra a frialdade das noites, contra o temporal que ameaça, ou a chuva que está caindo. Por toda parte, a calma da campina não arroteada; por toda parte, a vegetação virgem, como quando aí surgiu pela vez primeira.
A estrada que atravessa essas regiões incultas desenrola-se à maneira de alvejante faixa, aberta que é na areia, elemento dominante na composição de todo aquele solo, fertilizado aliás por um sem-número de límpidos e borbulhantes regatos, ribeirões e rios, cujos contingentes são outros tantos tributários do claro e fundo Paraná, ou, na contravertente, do correntoso Paraguai.
Essa areia solta e um tanto grossa tem cor uniforme que reverbera com intensidade os raios do sol, quando nela batem de chapa. Em alguns pontos é tão fofa e movediça que os animais das tropas viajeiras arquejam de cansaço, ao vencerem aquele terreno incerto, que lhes foge de sob os cascos e onde se enterram até meia canela.
Frequentes são também os desvios, que da estrada partem de um e outro lado e proporcionam, na mata adjacente, trilha mais firme, por ser menos pisada.
Chama-se em Mato Grosso retiro o local em que os criadores de gado reúnem as reses para as contar, marcar e dar-lhes sal. Sem moradores. Se parece sempre igual o aspecto do caminho, em compensação muito variadas se mostram as paisagens em torno.
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