Meu caderno é um gênero literário, sem catalogação, sem enquadramento definido, apenas é. São muitos, tenho muitos cadernos, por toda parte eu os carrego. Pela casa inteira, dentro da bolsa, no carro, a extensão de uma mulher. Quando escrevo um livro primeiro o escrevo a mão num caderno, depois passo para o computador, mas o nascimento dos rabiscos, a troca de ideias, a montagem das frases, as ligações de palavras, tudo fica pulsando lá no caderno.
Quando leio anotações que escrevi em cadernos anos atrás é como se olhasse pela janela e visse passando do outro lado da rua a pessoa que fui um dia. Vejo vestígios de cimento e terra por entre as vírgulas e pontos, pois eu estava em construção, e ainda estou.
O caderno é um instrumento importante no processo da escrita. Ele é o alicerce na composição de notas para um livro, um texto, ou apenas ideias aleatórias. Ele é o berço perfeito para deitar teu pensamento que transita tranquilamente pelas gavetas mentais. Esses registros te nortearão por caminhos diversos ao escrever continuamente porque do que foi escrito é que se inicia a montagem do escritor, do bom texto.
Tenha vários cadernos para escrever. Pequenos, grandes, com linhas e sem, com aspiral, com capa colada. Os detalhes físicos fazem diferença na prática. Eu prefiro os sem linha e pequenos. Tenho caderno de estudo filosófico, de receitas, um onde escrevo crônicas, outra para poesia, caderno de senhas, para ideias que surgem repentinamente, de registro de cenas, de personagens. Eu vivo num universo de cadernos e os amo.
Elyandria Silva
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