Eu andava pela biblioteca procurando por livros. Tirava eles das estantes, um por um. Mas eles eram todos uma fraude. Eram muito maçantes. Páginas e páginas de palavras que não diziam nada. Ou, se diziam alguma coisa, levavam muito tempo para isso e, quando diziam, você já estava muito cansado para dar alguma importância. Eu tentei livro após livro. Naturalmente, em meio a tantos livros, deveria haver um.
Todo dia eu caminhava até a biblioteca pela Adams e pela La Brea e lá estava a minha bibliotecária, austera e infalível e silenciosa. Eu continuava a tirar os livros das prateleiras. O primeiro livro de verdade que eu achei era de um companheiro chamado Upton Sinclair. Suas frases eram simples e ele falava com raiva. Escrevia com raiva. Ele escreveu sobre os chiqueiros de Chicago. Vinha e dizia as coisas claramente. Então encontrei outro autor. Seu nome era Sinclair Lewis. E o livro se chamava Rua Principal. Ele descascava a camada de hipocrisia que costuma cobrir as pessoas. Só que carecia de paixão.
Charles Bukowski, "Misto-quente"
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