Encontros no sebo
Curiosidade não mata, mas movimenta o mundo. Não são curiosos apenas as crianças ou as mulheres. Um ser curioso, o homem. Talvez seja sua força motriz. Por futucar tudo, acabou criando das utilidades às parafernálias. Hoje o mundo é dele e só por enquanto gira em torno do sol; até que esse grande curioso não invente uma outra órbita para a Terra. Não seria, portanto, estranho a curiosidade também habitar o sebo. O livreiro guarda a mesma ansiedade da criança diante dos pacotes. Quando chegam novos livros, há sempre algo diferente. Por mais acostumado a desmanchar amarrados, persiste a esperança da novidade. Um livro nunca visto, talvez um autor desconhecido se revele. Nem faltam as decepções com o estrago em algumas obras. E ao menos aqui, a destruição é muita tanto pelo tempo, que maltrata os volumes, como as traças e o próprio homem, o maior admirador e ao mesmo tempo o grande desleixado com as obras.
Bicho curioso, ainda assim, vai o homem descobrindo novidades nos montes de livro. Quanta criatividade se mostra nas prateleiras para atender os múltiplos desejos dos leitores desde a edição rara a um volume simples que caiba no bolso, mas editado com esmero. Lojas de surpresas constantes, o sebo tem o atrativo de atender perfeitamente a esses leitores que carregam em si aquela criança a se divertir na leitura de um livro. Há leitor que não sai da loja sem visitar as prateleiras dos livros infantis à procura de seus “retalhos de infância”.
Luiz Gadelha
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