VII
Minha casa é pequena e velha./ Na calçada de pedras, em torno dela,/ Viçam matos parasitários./ As janelinhas são quadradas./ Em frente, além de uns terrenos baldios,/ Uma chácara se esconde entre arvoredos./ E atrás é a serra, muralha azul./ Os fundos da igreja são ali perto./ Há repiques de sino ao cair da noite./ As moças cantam rezas, sem o padre,/ Que vem apenas duas vezes por mês./ A rua desemboca no caminho de Areias./ Estalam patas no solo duro:/ Passam caboclos de ar triste,/ Bambos nos cavalinhos trotões.
VIII
Nas ruas arenosas e estreitas/ Os lampiões mortiços adormecem./ A luz elétrica é vermelha e pobre como a do querosene./ Há manchas brancas de muros velhos./ Com massas escuras de arvoredo a emergir dos quintais./ No largo da igreja brincam crianças./ Vêm das estradas, à boca dos campos,/ Alaridos de cachorros nas chácaras./ Debruçado no parapeito da ponte/ Um vulto olha o rio./ A lua reflete-se nas águas.Ribeiro Couto
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