A notícia do fim da livraria da baixa Lisboeta chega por comunicado às redações. Em 2017, José Pinho tentou salvar a histórica livraria e comprou-a por 1 euro, alugou a Loja Histórica e ficou com os recursos humanos, mas segundo se lê em comunicado também herdou "monumental dívida histórica acumulada".
Desde 2017 até à sua morte, este ano, José Pinho e a equipa da Ler Devagar levaram a cabo o processo de reestruturação da Ferin e de acordo com o mesmo comunicado, pagaram aos funcionários, renegociaram contratos com fornecedores e credores e foram responsáveis pela renovação da programação e seleção de títulos. E ainda, tiveram entre mãos "mil projetos que começaram a nascer para dar vida ao espaço gigante da enorme cave, com porta direta para a Rua do Crucifixo e com um saguão que fazia sonhar com esplanadas e chá quente. E foram feitos diversos contactos com possíveis investidores, que pudessem introduzir o dinheiro necessário a todas as transformações. "
Mas se o futuro era promissor, a pandemia da Covid-19 e o confinamento deitaram por terra os planos e "condenaram ao fecho e à penúria grande parte dos negócios, mas muito particularmente as livrarias". Mas a história hoje recontada, lembra que ainda houve uma esperança, "nessa altura que nasceu a RELI, Rede de Livrarias Independentes, uma articulação do José Pinho e de um grupo de outros pequenos livreiros em luta pela sobrevivência das suas livrarias. "
Com a descoberta do cancro de José Pinho, em 2021, a luta pela sobrevivência tornou-se outra ditando, renegando assim para segundo plano outras lutas.
Hoje, sabe-se, que "nos últimos 6 meses, prosseguimos a procura de uma solução que permitisse tapar o enorme buraco que estes 4 anos de luta vieram acrescentar ao já existente. Mas nem as instituições públicas, nem os investidores privados, nem os parceiros livreiros nem os accionistas e amigos da Ler Devagar conseguiram fazer face ao problema financeiro e contabilístico da Ferin. As suas vendas caíram drasticamente e a livraria Ferin entrou num ciclo do qual já dificilmente recuperaria", explica a administração.
Que termina o comunicado com uma nota de esperança e uma frase de José Pinho, “sempre que uma livraria fechar, a Ler Devagar abrirá uma outra”.
Importa lembrar que, este ano, a Livraria Ler Devagar abriu um novo espaço no Bairro Alto. A CCBA - Casa do Comum do Bairro Alto - Centro Cultural e assume-se como um lugar em sentido contrário às dinâmicas mais sensíveis da cidade de Lisboa.
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