– Para aqueles que tinham um lar e de repente se encontram sozinhos, separados, tendo que reconstruir a vida.
– Para aqueles que foram abandonados e até hoje não se refizeram; que querem voltar, mas sabem que é impossível; que, entretanto, amam perdidamente a pessoa que está longe.
– Para aqueles que, mais uma vez, viram o ano passar sem realizar um sonho aquecido desde a infância.
– Para aqueles que estão numa situação da qual não sabem sair; que a todo instante se perguntam: “Meu Deus, como vim parar aqui?”.
– Para aqueles que estão sem dinheiro e não veem a maneira como hão de ganhá-lo.
– Para aqueles que estão bebendo demais e, quando acordam, lembram-se de que perderam mais um amigo no escândalo que ocasionaram na véspera.
– Para aqueles que estão sendo castigados sem culpa; nos quais, embora inocentes, ninguém acredita; que ninguém ama ou compreende.
– Para aqueles que, por outro lado, julgaram precipitadamente alguém ou magoaram, ou humilharam, e agora se sentem flechados pelo remorso.
– Para aqueles que foram acometidos pela doença e sequestrados para um hospital, onde a todo instante são incomodados pela ideia da morte.
– Para aqueles que fracassaram na sua profissão, na sua arte, no seu curso.
– Para aqueles que, quando a noite chega, não sabem onde vão dormir.
– Para aqueles que querem mudar de personalidade – que não têm sido como desejam – e que não sabem como fazer.
– Finalmente, para aqueles que se julgam perdidos; que preferiam estar mortos ou nunca haver nascido.
Minha solidariedade. E uma insinuação: por que não começar tudo outra vez? Temos um ano inteiro pela frente: por que não amar outra vez, sofrer outra vez, conseguir e perder outra vez, arriscar tudo outra vez – viver novamente como se fora uma novidade?
Qualquer coisa má que aconteça a qualquer pessoa, no dia seguinte se transforma em coisa boa – pelo fato de já ter acontecido. Portanto – confiança no futuro.
Carlinhos Oliveira, “Os olhos dourados do ódio”
Nenhum comentário:
Postar um comentário