Grafite do brasileiro Tinho em Frankfurt
sexta-feira, outubro 31
'Mestre do horror' está de volta
Rubens F. Lucchetti ostenta 1.547 títulos em sete décadas de carreira |
'O horror nasceu comigo, está no DNA'
Aos 84 anos e acompanhado dos gatos de estimação, bruxas,
caveiras e da amiga máquina de escrever, Rubens Francisco Lucchetti é uma
figura emblemática. Em Jardinópolis (SP), onde vive há pelo menos dez anos, o
escritor conhecido como ‘mestre do horror’ celebra a volta aos holofotes, 20
anos após a última publicação. O curioso é que mesmo longe das prateleiras das
livrarias, Lucchetti não deixou um dia sequer de escrever. “Eu sempre tive uma coisa de querer mais,
nunca fiquei satisfeito com coisa pequena. Sempre tive ambição de extrapolar.
Sempre gostei de desafio.”
Ao longo de 70 anos dedicados a contos de terror,
investigações policiais e contos eróticos, Lucchetti encerra o jejum com a
edição de ‘As Máscaras do Pavor’, originalmente publicado em 1974, mas que
ganhou uma atualização e mais páginas na versão em formato de bolso. “É uma
história de mistério que deixa o leitor preso até a última linha. A
protagonista é uma repórter de televisão que está entrevistando famosos atores
de terror que estão chegando para uma Mostra de Cinema de Horror. Mas daí
começa a acontecer uma série de crimes baseados nos filmes clássicos deste
estilo. Você vê ali o Jack, o estripador, o Fantasma da Ópera, Freddy Krueger”,
conta, sem revelar outros detalhes para não estragar o suspense.
Representante do estilo pulp
fiction, Lucchetti ostenta números improváveis para qualquer outro
escritor. Segundo ele, são 1547 títulos publicados, 300 quadrinhos assinados,
mais de 25 roteiros de filmes, três programas de televisão, centenas de artigos
divulgados em revistas e jornais, e produções para rádio. “O horror nasceu
comigo, está no DNA. Eu não sei explicar porque escolhi o horror, que escrevo
aliado ao suspense. É o que eu sei fazer. Eu adoro essa fantasia e, no fundo, é
o que a gente cresce ouvindo. O que são os contos de fada? São histórias de
terror em que a gente se apaixona pelas bruxas. E foi essa perspectiva que foi
me moldando.”
Decisão de juiz
“Ao roubar, mutilar e destruir insensivelmente elementos raros e únicos da nossa herança intelectual comum, Spiegelman não apenas espoliou o patrimônio físico de Columbia em 1,3 milhão de dólares. Ele arriscou-se a prejudicar, e provavelmente prejudicou, o desenvolvimento do conhecimento humano, em detrimento de todos nós. Devido à própria natureza do crime, é impossível conhecer exatamente a extensão do dano por ele causado. Contudo, uma coisa é muito clara: este crime é algo muito diferente do roubo de um valor em dinheiro equivalente ao do material roubado, porque priva não somente a Columbia, mas o mundo inteiro, de fragmentos insubstituíveis do passado e dos benefícios que poderiam proporcionar a estudos futuros”
quinta-feira, outubro 30
Livros livres, livres homens
Eu leio...
Releio...
Aprendo e conheço.
Faço uma viagem pelo mundo,
Respiro fundo...
E sou mais feliz !
" Um outro mundo é Possível,
através dos livros.
Há um outro mundo a sua espera.
Conhecimento, Cultura e Felicidade...
Lhe esperam a partir da primeira página ! "
" Poetas, Professores, Estudantes ou simples Trabalhadores...
Todos beneficiados com este
Mundo mágico dos Livros ! "
" Ah...meu livro !
quando te abro,
não quero te fechar !"
Ah...meu livro !
quando te acho,
não quero te deixar !
Ah...meu livro !
quando te leio...
me encontro,
me completo,
não quero descansar ! "
Aprendo e conheço.
Faço uma viagem pelo mundo,
Respiro fundo...
E sou mais feliz !
" Um outro mundo é Possível,
através dos livros.
Há um outro mundo a sua espera.
Conhecimento, Cultura e Felicidade...
Lhe esperam a partir da primeira página ! "
" Poetas, Professores, Estudantes ou simples Trabalhadores...
Todos beneficiados com este
Mundo mágico dos Livros ! "
" Ah...meu livro !
quando te abro,
não quero te fechar !"
Ah...meu livro !
quando te acho,
não quero te deixar !
Ah...meu livro !
quando te leio...
me encontro,
me completo,
não quero descansar ! "
Paulo Vogt
Resgate para o futuro
Ilustração de capa |
Pode parecer
bobagem tamanha preocupação, a minha, com o destino trágico dessas bibliotecas.
A verdade, porém, é que morto o proprietário, a viúva, ou os filhos, ou os
herdeiros se desfazem desses depósitos de cultura acumulada e incalculável de
um forma leviana, às vezes criminosa.
Há gente que
pensa que meu lamento se dá porque simplesmente a biblioteca perdida ou
destruída significa menos dinheiro no meu bolso. Errado. Só quem lida com
livros usados pode avaliar a emoção ao resgatar uma biblioteca, símbolo
concreto não de uma vida – a do dono, mas de várias. Se pode, a partir daí,
passar livros antes condenados ao esquecimento ou à extinção para as mãos
salvadoras de bibliófilos que saberão conservá-los e remetê-los às gerações
seguintes. O futuro do mundo agradece.
Manoel dos
Santos Martins, o Martins Livreiro, em “Memórias novas e usadas”
quarta-feira, outubro 29
Assim começa o livro...
Estava claro o céu, tépido o ar, e as bouças e montados floridos. O mês era dezembro, de 1863, em véspera de Natal.
A gente das cidades, pergunta-me em que país do mundo florescem, em dezembro, bouças e montados.
Respondo que é em Portugal, no perpétuo jardim do mundo, no Minho, onde os inventores de deus teriam ideado as suas teogonias, se não existisse a Grécia. No Minho, ao menos, se buscariam águas limpadas para Castálias e Hipocrenes. No Minho, a Citera para a mãe dos amores. Nos arvoredos desta região de sonhos, de poemas, e rumores de conversarem espíritos, é que os sátiros, as dríades, e os silvanos sairiam a cardumes dos troncos e regatos que tudo aqui parece estar dizendo que a natureza tem segredos defesos ao vulgo, e como a entreabrirem-se à fantasia de poetas.
Mas que flores... quer o leitor saber que flores vestem os calços e denegridos serros do Minho, em Portugal. São flores a festões, cachos de corolas amarelas, viçosas, e aveludadas como as dos arbustos cultivados em jardins; é a florescência dos tojais, plantas repulsivas por seus espinhos, alegres de sua perpétua verdura, únicas a enfeitarem a terra quando a restante natureza vegetal amarelece, definha e morre. E desse privilégio como que o agreste arbusto se está gozando soberbamente; pois que vos amostra as suas pinhas de flores, e com os inflexíveis espinhos vos defende o despojá-lo delas.
E naquele dia 24 de dezembro de 1863 andava eu no Minho, por aquela corda de chãs e outeiros, que abrangem quatro léguas entre Santo Tirso, Famalicão e Guimarães.
A gente das cidades, pergunta-me em que país do mundo florescem, em dezembro, bouças e montados.
Respondo que é em Portugal, no perpétuo jardim do mundo, no Minho, onde os inventores de deus teriam ideado as suas teogonias, se não existisse a Grécia. No Minho, ao menos, se buscariam águas limpadas para Castálias e Hipocrenes. No Minho, a Citera para a mãe dos amores. Nos arvoredos desta região de sonhos, de poemas, e rumores de conversarem espíritos, é que os sátiros, as dríades, e os silvanos sairiam a cardumes dos troncos e regatos que tudo aqui parece estar dizendo que a natureza tem segredos defesos ao vulgo, e como a entreabrirem-se à fantasia de poetas.
Mas que flores... quer o leitor saber que flores vestem os calços e denegridos serros do Minho, em Portugal. São flores a festões, cachos de corolas amarelas, viçosas, e aveludadas como as dos arbustos cultivados em jardins; é a florescência dos tojais, plantas repulsivas por seus espinhos, alegres de sua perpétua verdura, únicas a enfeitarem a terra quando a restante natureza vegetal amarelece, definha e morre. E desse privilégio como que o agreste arbusto se está gozando soberbamente; pois que vos amostra as suas pinhas de flores, e com os inflexíveis espinhos vos defende o despojá-lo delas.
E naquele dia 24 de dezembro de 1863 andava eu no Minho, por aquela corda de chãs e outeiros, que abrangem quatro léguas entre Santo Tirso, Famalicão e Guimarães.
Poesia nos muros estimula leitura
“Enquanto tiver poesia, muro e tinta, estaremos espalhando a mensagem na cidade”Os amigos João Paulo de Jesus Silva e Marcos Paulo dos Santos criaram uma prática pouco comum em Guaxupé (MG) com o “Pixo Poético”. Com tintas e inspiração, eles grafitaram picham alguns muros da cidade com ilustrações e as poesias de Sérgio Vaz e Ni Brisant, poetas da literatura marginal/periférica. “Queremos levar algumas mensagens positivas para as pessoas que muitas vezes, por causa da correria do cotidiano, não tem acesso ou desconhecem as poesias. Queremos provocar reflexões em quem lê as mensagens, despertando novos olhares para o mundo e incentivando a leitura”, resume João Paulo, também conhecido como Kiko.
Mas este não é o único projeto desenvolvido por ele na cidade. Criador do coletivo Cultivo Hip-Hop e entusiasta da cultura, ele realiza mensalmente a roda de break na praça central do município, seguida por um sarau e sorteio de livros de literatura marginal, também a fim de estimular o gosto pela leitura.
- A ideia surgiu em uma conversa com um amigo sobre a falta de arte de rua em Guaxupé, que vive muito sobre cores de partidos políticos a cada administração que entra e deixa a cidade sem vida, sem graça. Por isso tivemos a ideia de levar as poesias para os muros, acompanhadas de ilustrações, para dar mais cor, arte e vida aos moradores”, completou.
terça-feira, outubro 28
Recado
Benjamin Palencia (1894-1980), Livreiro |
A única garantia para que um livreiro tenha independência e autoridade consiste em que seja o proprietário da loja (que não pague aluguel) e que a família tenha outros recursos para se sustentar. Em outras palavras, que não pretenda enriquecer, mas apenas se divertir
Héctor Yánover (1929-2003)
Esplendor e miséria do best-seller
O que é um best-seller? À primeira vista a resposta não parece difícil: o livro que mais se vende ou um dos livros que mais se vendem. Mas, ao examinarmos os casos em que se emprega essa palavra, tão frequente na crônica literária dos jornais, verificaremos que seu sentido se está enriquecendo de novas matizes.
Mais de uma vez poderemos achar-lhe uma nuança pejorativa, e esse uso não é exclusivo do Brasil. Numa resenha francesa da produção literária de 1947 encontro esta observação: “O termo best-seller entre nós vai designar, dentro em breve, não o livro que melhor se vende, mas um certo ‘gênero’ de romance, de leitura fácil, longo, obrigatoriamente traduzido…”. E uma estudiosa inglesa não hesita em afirmar que “best-seller é um epíteto quase totalmente depreciativo entre pessoas cultas”. Não seria difícil encontrar exemplos em que o termo, por si só, equivale a uma crítica.
A palavra, evidentemente, é de sabor norte-americano (embora não me seja possível abonar-lhe a origem). A ambição “yankee” de atingir recordes em todos os domínios envolve contínuas comparações, e estas só parecem ter valor quando baseadas em objetos exprimíveis por algarismos. E assim se encontrou uma medida cômoda para confrontar as obras da arte, fenômenos por sua natureza singulares e incomparáveis.
Ninguém pode afirmar com segurança se Betty MacDonald, autora de “O Ovo e Eu”, é melhor escritor do que Samuel Shellabarger, autor de “Capitão de Castela”: em questões de gosto não há verdades absolutas. Mas é possível saber com exatidão qual dos dois livros se vendeu mais. Os editores, com grande sinceridade, anunciam as tiragens mês por mês; o frontispício, muitas vezes, ostenta o número de edições vendidas.
Na avalanche das publicações o leitor comum é cada vez menos capaz de orientar-se. Sabendo que seu gosto se parece com o da maioria de seus contemporâneos, tende facilmente a pensar que o livro mais comprado será também o melhor. (“É impossível que 500 mil pessoas sejam idiotas”). Assim, mais 500 mil comprarão o livro porque 500 mil já o compraram. E quem poderá duvidar do gosto de 1 milhão de cidadãos honestos, contribuintes e eleitores?
Saber o que é um best-seller é igualmente importante para o leitor, para o escritor e para o editor. Se um livro, sendo best-seller, é necessariamente bom, facilita muito ao leitor a escolha de suas leituras; e o conhecimento não lhe é menos útil se, como afirmam alguns, todo best-seller é fatalmente ruim.
O escritor pouco escrupuloso, se conhecesse a fórmula química do best-seller, observá-la-ia com o maior empenho; mas, se o escritor honesto a soubesse, talvez verificasse que pode produzir best-sellers sem descer a transigências e concessões. Quanto ao editor, se a tivesse na gravata, possuiria um método esplêndido para enriquecer e, caso possuísse altas ambições culturais, bastar-lhe-ia lançar três best-sellers, para depois publicar, a vida toda, Kant, Bergson e Einstein.
A palavra, evidentemente, é de sabor norte-americano (embora não me seja possível abonar-lhe a origem). A ambição “yankee” de atingir recordes em todos os domínios envolve contínuas comparações, e estas só parecem ter valor quando baseadas em objetos exprimíveis por algarismos. E assim se encontrou uma medida cômoda para confrontar as obras da arte, fenômenos por sua natureza singulares e incomparáveis.
Ninguém pode afirmar com segurança se Betty MacDonald, autora de “O Ovo e Eu”, é melhor escritor do que Samuel Shellabarger, autor de “Capitão de Castela”: em questões de gosto não há verdades absolutas. Mas é possível saber com exatidão qual dos dois livros se vendeu mais. Os editores, com grande sinceridade, anunciam as tiragens mês por mês; o frontispício, muitas vezes, ostenta o número de edições vendidas.
Na avalanche das publicações o leitor comum é cada vez menos capaz de orientar-se. Sabendo que seu gosto se parece com o da maioria de seus contemporâneos, tende facilmente a pensar que o livro mais comprado será também o melhor. (“É impossível que 500 mil pessoas sejam idiotas”). Assim, mais 500 mil comprarão o livro porque 500 mil já o compraram. E quem poderá duvidar do gosto de 1 milhão de cidadãos honestos, contribuintes e eleitores?
Saber o que é um best-seller é igualmente importante para o leitor, para o escritor e para o editor. Se um livro, sendo best-seller, é necessariamente bom, facilita muito ao leitor a escolha de suas leituras; e o conhecimento não lhe é menos útil se, como afirmam alguns, todo best-seller é fatalmente ruim.
O escritor pouco escrupuloso, se conhecesse a fórmula química do best-seller, observá-la-ia com o maior empenho; mas, se o escritor honesto a soubesse, talvez verificasse que pode produzir best-sellers sem descer a transigências e concessões. Quanto ao editor, se a tivesse na gravata, possuiria um método esplêndido para enriquecer e, caso possuísse altas ambições culturais, bastar-lhe-ia lançar três best-sellers, para depois publicar, a vida toda, Kant, Bergson e Einstein.
Este texto de 1948 estava em uma pasta do acervo de Paulo Rónai (1907-92), intitulada “Material para novos livros”, e jamais foi publicado. O escritor e tradutor parte de estudos em língua inglesa para questionar se há a receita perfeita para um best-seller e se os números de vendas significam algo na qualidade dos livros. Leia mais
'Primavera' chegou!
A Primavera dos Livros, feira literária promovida pela Liga Brasileira de Editoras (Libre), este ano terá a participação de 120 editoras de todo o País e mais de 15 mil títulos à venda, com descontos de até 50%. A 14ª edição carioca do evento abre na quinta-feira e vai até domingo, no Museu da República, no Catete, um bairro de forte tradição política e cultural carioca, onde se espera um público de 50 mil pessoas.
Maior feira editorial independente do país, a Primavera dos Livros promove a diversidade cultural. Estarão à venda literatura e diversos outros gêneros, e ainda haverá o lançamento de novos autores. Nesta edição, o evento homenageará a cidade do Rio de Janeiro, que completará 450 anos de fundação em 2015.
segunda-feira, outubro 27
A grande viagem
A maior
aventura de um ser humano é viajar,
E a maior viagem que alguém pode empreender
É para dentro de si mesmo.
E o modo mais emocionante de realizá-la é ler um livro,
Pois um livro revela que a vida é o maior de todos os livros,
Mas é pouco útil para quem não souber ler nas entrelinhas
E descobrir o que as palavras não disseram...
E a maior viagem que alguém pode empreender
É para dentro de si mesmo.
E o modo mais emocionante de realizá-la é ler um livro,
Pois um livro revela que a vida é o maior de todos os livros,
Mas é pouco útil para quem não souber ler nas entrelinhas
E descobrir o que as palavras não disseram...
Augusto Cury
domingo, outubro 26
'Casinha da Vovó" incentiva leitura
Um espaço ao ar livre e com "jeito" de campo tem
despertado o desejo dos moradores de Gurupi, no sul do Tocantins, para a
prática da leitura. O projeto comunitário, conhecido como a "Casinha da Vovó"
por causa do aconchego e do café feito no fogão à lenha, disponibiliza livros e
um espaço aberto para discussões. Qualquer morador pode chegar, beber o café,
desfrutar dos livros e ainda sentar nos bancos com estilo rústico para
conversar com outros visitantes.
O local foi criado através de um trabalho voluntário. "Os
próprios funcionários do viveiro municipal começaram a explorar este espaço que
acabou virando um café literário", explica a arquiteta Daniella Mendonça,
uma das idealizadoras do projeto.
Livraria Alves
Primeira
livraria, Rua da Bahia.
A Carne de Jesus, por Almáquio Diniz
(não leiam!
Obra excomungada pela Igreja),
Rutila no
aquário da vitrina.
Terro visual
na tarde de domingo.
Volto para o
colégio. O título sacrílego
Relampeja na
consciência.
Livria,
lugar de danação,
Lugar de
descoberta.
Um dia,
quando? Vou entrar naquela casa,
Vou comprar
Um livro
mais terrível que o de Almáquio
E nele me
perder – e me encontrar.
Carlos
Drummond de Andrade
sábado, outubro 25
Mundo sem livros, mundo inabitável
Deixar de ler é a morte instantânea. Um mundo sem livros é um mundo sem atmosfera, como Marte. Um lugar impossível, inabitável. De maneira que muito antes da escrita vem a leitura. Um leitor tem uma vida muito mais longa que outras pessoa, porque não morre antes de acabar o livro que está lendo
Rosa Montero
Natal de incentivo à leitura
A campanha Natal Dourado: Arte e Magia, promovida pelo Fundo Social de
Solidariedade (FSS), vai presentear 6 mil crianças de 43 entidades
assistenciais de Sorocaba. As crianças de 0 a 12 anos presenteadas irão
participar de uma festa com contação de histórias e entrega de livros de
literatura infanto-juvenil. As ações serão realizadas em 30 espaços,
entre os dias 1 e 12 de dezembro.
No lançamento da campanha, foi promovido um jantar solidário, com convites
custando R$ 180, num importante clube local, com direito a sorteio de brindes.
Além de já contar com 500 volumes doados por três editoras, a campanha também
terá o apoio do Tiro de Guerra de
Sorocaba, que realizará um mutirão para arrecadar livros novos de literatura, em
novembro, na praça Coronel Fernando Prestes.
Assim começa o livro...
O mês de julho fora apagado como uma vela por um vento
cortante que trouxera um céu plúmbeo de agosto. Uma chuvinha fina e
impertinente caía e se desfraldava em lençóis opacos e cinzentos quando
impelida pelo vento. Ao longo da beira-mar de Bournemouth, as cabanas de praia
vazias voltavam suas frentes de madeira para um mar encapelado e verde-cinza,
enquanto as ondas lançavam-se avidamente de encontro ao baluarte de cimento da
costa. As gaivotas tinham sido empurradas aos trambolhões para o interior da
cidade, e agora flutuavam acima dos telhados, as asas tesas, soltando grasnidos
rabugentos. Era um tempo para por à prova a paciência de qualquer cristão.
sexta-feira, outubro 24
Preso na livraria
Funcionários da Waterstones socorreram "prisioneiro" |
O turista David Willis, do Texas, não se deu conta de que o
local estava fechando e ficou dentro da livraria Waterstones, em Trafalgar
Square, por duas horas na quinta-feira à noite. Willis que subiu ao andar de
cima da loja por 15 minutos e, quando desceu, as luzes estavam apagadas e as
portas trancadas. Seu pedido de ajuda foi através do Instagram, no qual
publicou uma selfie atrás das persianas da loja com a mensagem: "Este sou
eu dentro da livraria Waterstones em Londres". Em outra mensagem,
republicada mais de 12 mil vezes no Twitter, ele afirmou: "Olá
Waterstones, eu estou trancado dentro de sua livraria em Trafalgar Square por
duas horas até agora. Por favor, deixem-me sair".
O vício de ler
Evgenia Petrovna Antipova, Books at the Window |
O vício de ler tudo o que
me caísse nas mãos ocupava o meu tempo livre e quase todo o das aulas. Podia
recitar poemas completos do repertório popular que nessa altura eram de uso
corrente na Colômbia, e os mais belos do Século de Ouro e do romantismo espanhóis,
muitos deles aprendidos nos próprios textos do colégio. Estes conhecimentos
extemporâneos na minha idade exasperavam os professores, pois cada vez que me
faziam na aula qualquer pergunta difícil, respondia-lhes com uma citação
literária ou com alguma ideia livresca que eles não estavam em condições de
avaliar. O padre Mejia disse: “É um garoto afetado”, para não dizer insuportável.
Nunca tive que forçar a memória, pois os poemas e alguns trechos de boa prosa
clássica ficavam-me gravados em três ou quatro releituras. Ganhei do padre
prefeito a primeira caneta de tinta permanente que tive porque lhe recitei sem
erros as 57 décimas de “A vertigem”, de Gaspar Núnez de Arce.
Lia nas aulas, com o livro aberto em cima dos joelhos e com tal descaramento que a minha impunidade só parecia possível devido à cumplicidade dos professores. A única coisa que não consegui com as minhas astúcias bem rimadas foi que me perdoassem a missa diária às sete da manhã. Além de escrever as minhas tolices, era solista no coro, desenhava caricaturas cômicas, recitava poemas nas sessões solenes e tantas coisas mais fora de horas e de lugar que ninguém entendia a que horas estudava. A razão era a mais simples: não estudava.
No meio de tanto dinamismo supérfluo, ainda não entendo por que razão os professores se interessavam tanto por mim sem barafustar com a minha má ortografia. Ao contrário da minha mãe, que escondia do meu pai algumas das minhas cartas para o manter vivo e outras as devolvia corrigidas e às vezes com os parabéns por certos progressos gramaticais e o bom uso das palavras. Mas ao fim de dois anos não houve melhorias à vista. Hoje o meu problema continua a ser o mesmo: nunca consegui entender por que se admitem letras mudas ou duas letras diferentes com o mesmo som e tantas outras normas sem razão.
Lia nas aulas, com o livro aberto em cima dos joelhos e com tal descaramento que a minha impunidade só parecia possível devido à cumplicidade dos professores. A única coisa que não consegui com as minhas astúcias bem rimadas foi que me perdoassem a missa diária às sete da manhã. Além de escrever as minhas tolices, era solista no coro, desenhava caricaturas cômicas, recitava poemas nas sessões solenes e tantas coisas mais fora de horas e de lugar que ninguém entendia a que horas estudava. A razão era a mais simples: não estudava.
No meio de tanto dinamismo supérfluo, ainda não entendo por que razão os professores se interessavam tanto por mim sem barafustar com a minha má ortografia. Ao contrário da minha mãe, que escondia do meu pai algumas das minhas cartas para o manter vivo e outras as devolvia corrigidas e às vezes com os parabéns por certos progressos gramaticais e o bom uso das palavras. Mas ao fim de dois anos não houve melhorias à vista. Hoje o meu problema continua a ser o mesmo: nunca consegui entender por que se admitem letras mudas ou duas letras diferentes com o mesmo som e tantas outras normas sem razão.
Gabriel García Márquez (1927-2014)
Homenagem a Drummond
O Instituto Moreira Salles organiza a quarta edição do Dia D
– Dia Drummond. A ideia, lançada em 2011, tem o objetivo de fazer com que o dia
31 de outubro, data do nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987), seja comemorado e faça parte do calendário cultural do país. A
proposta é promover e difundir a obra do escritor. A grande novidade deste ano
é o filme de 60 minutos "Vida e verso de Carlos Drummond de Andrade", produzido
pelo instituto, com roteiro e direção de Eucanaã Ferraz e fotografia de Walter
Carvalho.
quinta-feira, outubro 23
Brasileiro gosta de impresso
A pesquisa Opinião
sobre a Comunicação Impressa, realizada pelo Instituto Datafolha através da
campanha Two Sides Brasil, revelou que a preferência por livros, revistas e cartas em papel
é característica, respectivamente, de 59%, 56% e 55% da população brasileira. Também no
que diz respeito à conservação de documentos importantes, o impresso é o
favorito: 82%, ante apenas 17% de adeptos de mídias eletrônicas para esses
arquivos. Na pesquisa foram entrevistadas 2.074 pessoas acima de 16 anos, em
135 municípios.
Os livros que muito poucos conseguem ler
Nick Hornby |
No último festival literário de Cheltenham, o romancista
britânico Nick Hornby encorajava as pessoas a queimar em uma fogueira os livros
complicados. “Cada vez que continuamos lendo sem vontade reforçamos a ideia de
que ler é uma obrigação e ver televisão é um prazer”, afirmava, em
um elogio da leitura como atividade hedonista.
Depois que Hornby,
muitos fóruns discutiram quais títulos são os mais indigestos, em mais uma
versão do eterno debate sobre se as pessoas leem obras complicadas para poder
dizer que as leram, não pelo prazer de lê-las. São muitos os que opinam que “a
vida é muito curta para ler livros muito compridos”.
Eis aqui a lista dos 10 títulos que mais carregam o estigma
de serem de leitura impossível.
1 - O Arco-Íris da Gravidade, de Thomas Pynchon
2 - Crime e Castigo, de Fiodor Dostoievski
3 - Guerra e Paz, de Leon Tolstói
4 - Orgulho e Preconceito, de Jane Austen
5 - A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy,
de Laurence Sterne
6 - A Divina Comédia, de Dante
7 - Moby Dick, de Herman Melville
8 - Paradiso, de José Lezama Lima
9 - As Aventuras do Bom Soldado Svejk, de Jaroslav Hasek
/ Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes
10 - A Piada Infinita, de David Forster Wallace
Trens de Moscou ganharão bibliotecas virtuais
As
composições de todas as dez linhas de trem da Grande Moscou, em 2015, serão
equipadas com materiais gráficos exibindo códigos QR (tipo de código de barras
que pode ser facilmente escaneado usando telefones celulares e equipamentos
dotados de câmeras digitais) pelos dos quais os passageiros poderão ter acesso
gratuito a livros de uma biblioteca virtual.
Segundo a
agência M24, o diretor do departamento de comunicações da empresa central de
trens, as primeiras obras disponibilizadas pelo projeto serão os clássicos das
literaturas russa e mundial, gratuitos por já terem seus direitos autorais
esgotados. A preferência será igualmente dada a gêneros mais curtos, como
contos e novelas, capazes de serem lidos pelos passageiros em 30 a 40 minutos.
A seleção de livros será renovada trimestralmente.
(Fonte: Diário
da Rússia)
quarta-feira, outubro 22
Pearl S. Buck: inédito depois de 41 anos morta
“Dormia em águas tranquilas. O que não queria dizer que seu mundo fora sempre imóvel. Havia vezes em que o movimento, inclusive um movimento violento, se fazia evidente em seu universo...”Essas são as primeiras das últimas palavras de Pearl S. Buck (1892-1973), a popular vencedora norte-americana do Nobel de literatura (1938) que volta às livrarias com “O eterno assombro”, novela inédita publicada 41 anos após a morte da escritora. O livro esteve perdido por quase 40 anos e apareceu misteriosamente em 2012 quando uma mulher adquiriu um depósito de aluguel em Fort Worth, no Texas. Entre as tralhas, estava o manuscrito de quase 300 páginas que foi oferecido à família da escritora, quando recuperou o controle do legado e o patrimônio de Buck.
Era o livro em que Pearl Buck trabalhava quando morreu em 6 de março de 1973, quase em falência, em Danby, no estado de Vermont, depois de escrever 43 novelas, 242 contos, 37 livros infantis, 28 obras de não ficção, 18 roteiros para cinema e televisão e perto de 600 artículos. Sucessos quase todos os livros, como “A boa terra”, prêmio Pullitzer de 1931, cujos os originais se perderam.
Muitas das suas histórias, relembra o filho Edgar Walsh, um dos sete adotivos, “se referem à luta da gente comum contra a pobreza, a corrupção política e pessoa, os maus governos e os conflitos morais de sempre”. Completa Edgar que ela foi firme defensora dos direitos da mulher e dos direitos das minorias.
(Fonte: El Pais)
terça-feira, outubro 21
Biografia de um emblemático
Em tempos de política e
eleições, nada melhor para refrescar a memória da política brasileira do que a
biografia de um de seus políticos mais emblemáticos. Esperto, oportunista,
difícil de definir se pertencia à direita ou à esquerda ou mesmo ao centro,
amigo dos militares durante a ditadura quando lhe convinha e também inimigo
deles conforme suas venetas, Adhemar de Barros, nascido em 1901 na cidade de
Piracicaba, e falecido em Paris em 1969, foi um grande personagem, digno de
um livro como “Adhemar – Fé em Deus e pé na tábua” (Geração Editorial), do
jornalista Amilton Lovato. O livro ainda conta com um posfácio sobre o famoso
roubo do cofre do Adhemar que ficou em posse do Dr. Rui, alcunha dada para sua
famosa e conhecida amante Ana Capriglione.
O livro faz justiça ao
perfil desse personagem, a um só tempo divertido e por várias vezes astuto e
corrupto comprovado, que reinou por longo tempo na política paulista, sem
alcançar dimensões brasileiras, mas exercendo grande influência, por seu estilo
imprevisível, espontâneo, populista e sem marca ideológica definida. Um estilo
que se baseou na esperteza e na habilidade “vira-casaca” de ir se adaptando aos
ventos da política conforme as necessidades circunstanciais. No mar de
indefinição ideológica que reina no país até hoje, a história de Adhemar parece
profetizar tempos em que o oportunismo seria mesmo a regra e ninguém mais se
importaria com ideologia alguma, visto que o eleitor brasileiro é um notório
adepto de personalidades, não de partidos.
***
Entrevista com Amilton Lovato
O personagem principal é
uma figura folclórica da política brasileira. Ele foi o primeiro político a ter
esse comportamento?
Não. Já havia personagens folclóricos em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul e nos estados do Nordeste. Mas, em São Paulo, Adhemar inaugurou um estilo muito particular, pois até então a política por aqui era dominada por pessoas provenientes das famílias mais tradicionais, que mantinham uma rigidez própria desses setores.
Não. Já havia personagens folclóricos em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul e nos estados do Nordeste. Mas, em São Paulo, Adhemar inaugurou um estilo muito particular, pois até então a política por aqui era dominada por pessoas provenientes das famílias mais tradicionais, que mantinham uma rigidez própria desses setores.
Como foi o processo de
apuração? A família ajudou?
Eu diria que a família não atrapalhou. Adhemar Filho, procurado, deu algumas dicas sobre o personagem, mas não quis conceder entrevista. Sua irmã, Mariazinha, agiu da mesma forma.
Eu diria que a família não atrapalhou. Adhemar Filho, procurado, deu algumas dicas sobre o personagem, mas não quis conceder entrevista. Sua irmã, Mariazinha, agiu da mesma forma.
Por que você resolveu
escrever sobre Adhemar de Barros?
Sempre achei Adhemar uma figura mal explorada. Existem vários livros sobre ele, mas todos, sem exceção, com algum tipo de viés. Os mais comuns são as teses acadêmicas, com foco na parte política. Também é possível encontrar obras escritas por amigos ou inimigos, que, conforme o caso, pretenderam elogiá-lo ou execrá-lo. Faltava, a meu ver, uma biografia isenta.
Sempre achei Adhemar uma figura mal explorada. Existem vários livros sobre ele, mas todos, sem exceção, com algum tipo de viés. Os mais comuns são as teses acadêmicas, com foco na parte política. Também é possível encontrar obras escritas por amigos ou inimigos, que, conforme o caso, pretenderam elogiá-lo ou execrá-lo. Faltava, a meu ver, uma biografia isenta.
O livro é contra ou a
favor do ex-governador?
Nem contra, nem a favor. Como eu disse, é uma obra isenta. Adhemar era uma figura controvertida, e o livro procura explorar amplamente suas ambiguidades.
Nem contra, nem a favor. Como eu disse, é uma obra isenta. Adhemar era uma figura controvertida, e o livro procura explorar amplamente suas ambiguidades.
Ele roubava, mas fazia
mesmo?
Adhemar não tinha nenhum controle sobre o dinheiro público, defeito que lhe trouxe sérias consequências ao longo da vida. Além disso, criou uma caixinha alimentada com contribuições de fontes diversas, fato que ele próprio e seus partidários confirmaram em mais de uma ocasião. Mas era inegavelmente um realizador. Ele foi responsável pela construção do Hospital das Clínicas, pelas rodovias Anhanguera e Anchieta, pela eletrificação da Sorocabana.
Adhemar não tinha nenhum controle sobre o dinheiro público, defeito que lhe trouxe sérias consequências ao longo da vida. Além disso, criou uma caixinha alimentada com contribuições de fontes diversas, fato que ele próprio e seus partidários confirmaram em mais de uma ocasião. Mas era inegavelmente um realizador. Ele foi responsável pela construção do Hospital das Clínicas, pelas rodovias Anhanguera e Anchieta, pela eletrificação da Sorocabana.
Ele era corrupto ou
desleixado com as contas?
Era desleixado, totalmente. Mas teve também contra si várias acusações de corrupção que deixou sem resposta.
Era desleixado, totalmente. Mas teve também contra si várias acusações de corrupção que deixou sem resposta.
Podemos dizer que Adhemar
de Barros foi o criador do caixa 2 para as campanhas eleitorais brasileiras?
Não acredito que tenha sido o criador, mas foi quem aperfeiçoou a prática.
Não acredito que tenha sido o criador, mas foi quem aperfeiçoou a prática.
Apesar de pertencer à
elite conservadora paulista, o ex-governador tinha ideias progressistas, como,
por exemplo, a cota para estudantes negros.
Como explicar isso? Quais eram as
outras ideias progressistas?
Adhemar cresceu em São Manuel, na fazenda de seu pai, e teve contato desde cedo com as classes menos favorecidas. Sua família, apesar de abastada, tinha hábitos simples. Ele circulava com desenvoltura em todos os meios. Creio que isso tenha ajudado muito. A universalização da saúde e da educação era outra ideia progressista.
Adhemar cresceu em São Manuel, na fazenda de seu pai, e teve contato desde cedo com as classes menos favorecidas. Sua família, apesar de abastada, tinha hábitos simples. Ele circulava com desenvoltura em todos os meios. Creio que isso tenha ajudado muito. A universalização da saúde e da educação era outra ideia progressista.
Getúlio Vargas foi um
grande amigo ou inimigo?
Getúlio foi ardiloso em relação a Adhemar, como em geral com todos à sua volta. Ao nomeá-lo interventor, em 1938, ele tinha a intenção de manter o controle sobre São Paulo, o estado rebelde, por meio de um desconhecido que ficaria lhe devendo um enorme favor, e contra quem não haveria grandes oposições, pois se tratava de um paulista. Quando viu que Adhemar poderia ameaçar suas pretensões, tirou-lhe o apoio.
Getúlio foi ardiloso em relação a Adhemar, como em geral com todos à sua volta. Ao nomeá-lo interventor, em 1938, ele tinha a intenção de manter o controle sobre São Paulo, o estado rebelde, por meio de um desconhecido que ficaria lhe devendo um enorme favor, e contra quem não haveria grandes oposições, pois se tratava de um paulista. Quando viu que Adhemar poderia ameaçar suas pretensões, tirou-lhe o apoio.
O que significava a
figura de Jânio Quadros para Adhemar?
O grande rival. O antagonista. O inimigo político.
O grande rival. O antagonista. O inimigo político.
Podemos dizer que Adhemar
de Barros fez uma escola na forma de governar e de se posicionar?
Sem dúvida. Ele influenciou muitos políticos de sua época.
Sem dúvida. Ele influenciou muitos políticos de sua época.
Quem seriam os grandes
herdeiros do adhemarismo?
No PSP, o partido de Adhemar, algumas figuras estavam se preparando para sucedê-lo, mas a ditadura militar instaurada em 1964 interrompeu esse processo, sufocando as influências civis e criando um hiato entre as gerações de políticos. Atualmente, não há herdeiros.
No PSP, o partido de Adhemar, algumas figuras estavam se preparando para sucedê-lo, mas a ditadura militar instaurada em 1964 interrompeu esse processo, sufocando as influências civis e criando um hiato entre as gerações de políticos. Atualmente, não há herdeiros.
Como era o relacionamento
com Ana Capriglione?
Era um romance que extravasava para o lado político. Com o passar do tempo, ela adquiriu uma força contra a qual não havia concorrência à altura. Para ser aceito por Adhemar, era preciso ser aceito por ela. Isso ocorreu principalmente no último mandato de Adhemar como governador, de 1963 a 1966.
Era um romance que extravasava para o lado político. Com o passar do tempo, ela adquiriu uma força contra a qual não havia concorrência à altura. Para ser aceito por Adhemar, era preciso ser aceito por ela. Isso ocorreu principalmente no último mandato de Adhemar como governador, de 1963 a 1966.
Por que ela era chamada
de Dr. Rui?
Não se sabe. Talvez Adhemar tenha inventado o codinome, por impulso ou para despistar. Mas mesmo isso seria contraditório, pois ele não fazia esforço nenhum para esconder o relacionamento.
Não se sabe. Talvez Adhemar tenha inventado o codinome, por impulso ou para despistar. Mas mesmo isso seria contraditório, pois ele não fazia esforço nenhum para esconder o relacionamento.
E o roubo do cofre,
podemos dizer que o dinheiro vinha mesmo do caixa 2 do ex-governador?
É a explicação mais provável.
É a explicação mais provável.
segunda-feira, outubro 20
Bibliotecas
A biblioteca do pai de Borges
foi o fato capital de sua vida.
Ele nunca saiu dela, disse.
Em minha casa nunca tive
livros.
O fato capital de minha vida
é não ter tido pai.
Minha mãe foi minha biblioteca.
Ensinou-me tudo.
Nunca saí dela.
Era analfabeta e deveria
ter se chamado Alexandria.
foi o fato capital de sua vida.
Ele nunca saiu dela, disse.
Em minha casa nunca tive
livros.
O fato capital de minha vida
é não ter tido pai.
Minha mãe foi minha biblioteca.
Ensinou-me tudo.
Nunca saí dela.
Era analfabeta e deveria
ter se chamado Alexandria.
Edson Cruz
O nevoeiro
Sol e azul e depois névoa. Às vezes começa em Agosto, outras
em Setembro. Uma barra ao longe anuncia-a, uma barra que cresce em fumarada
sobre a terra, ou que se dispersa correndo para o sul, em labaredas sobre
o mar esverdeado. Há outras névoas no Verão que se descerram lentamente
como cortinas, ficando o panorama límpido como uma aguarela acabada de
pintar. Outras têm léguas de extensão e levam dias a passar. E o mar exala
um cheiro mais vivo quando o nevoeiro parece dissolver-se, para logo
voltar mais denso e compacto. Às vezes vê-se entre a neblina um ponto da
costa cheio de luz, um rasgão no mar, uma única pedra iluminada entre o
céu infinito e o mar infinito.
Tenho visto também umas névoas esbranquiçadas que ficam lá
para muito fundo embebendo-se de luz. Névoa, um pouco de sol e brancura,
tudo emborralhado. A onda
vem de longe, irrompe da névoa, e só se veem os grandes
rolos brancos revolvidos de espuma muito ao perto quando se despedaçam.
Em Sagres assisti a um nevoeiro extraordinário. Aparecem
primeiro uns flocos no céu, e a luz tomou-se logo mais azul, pegando azul
à pele, molhando de azul as mãos estendidas. Depois a névoa, que no Verão
dura segundos, doirou e subiu ao ar, tornando o horizonte mais ilimitado e
fantasmagórico...
As névoas anunciam o Inverno. Começam a vir os nevoeiros
compactos, que se metem pelas narinas e cheiram a mar e a fumo. Há-os que
têm léguas de espessura e levam dias a passar, coortes desordenadas de
fantasmas enchendo todo o horizonte. O sino tange. Não se vê palmo diante
do nariz. Lá fora os barcos, como cegos, só se guiam pelo som. 0 mar é um
misterioso fantasma que os envolve. Cerração cada vez mais mole e
espessa... Só a voz se ouve, e o lamento parece vir de mais longe e de mais
fundo. Às vezes adelgaça-se um pouco na costa, e grandes rolos de
fumaceira crescem do mar sobre a terra. É o Inverno que vem aí. A voz
imensa tem já plangências de dor – desabar infinito de lágrimas. De sul
para o norte as nuvens correm sempre, coortes sobre coortes que saem das
profundas e avançam, deslizam sobre as águas sem ruído, enchendo o céu de
farrapos enormes, de fantasmas criados naquele mar salgado e que se seguem
em tropel num galope monstruoso para uma grande batalha desconhecida. E de
quando em quando o sino chama, chama sempre pelos homens perdidos na névoa
espessa que leva dias a passar.
domingo, outubro 19
Dicas de mestre
O escritor Stephen King dá dicas de como escrever
e fala do início de sua carreira na vida literária.
Citações em coletânea
As bibliotecas americanas são fruto de uma grande democracia.Ela existe porque acreditamos que a memória e a verda são importantes; existem porque acreditamos que a informação e conhecimento não são de domínio exclusivo de um tipo ou classe de pessoas
Robert S Martin
"The Librarian’s Book of Quotes" oferece uma coleção de citações sobre bibliotecas, compiladas por Tatyana Eckstrand e editada em 2009 pela American Library Association. Está disponível para download AQUI
Saudades de Paris
Cada vez que
venho a Paris sinto uma curiosa sensação, feita de reminiscências e nostalgia.
As lembranças, que fluem como uma torrente, vão substituindo continuamente a
cidade real e atual pela que foi e já existe apenas em minha memória, como a
minha juventude. Vivi em muitos lugares, e com nenhum outro me ocorre nada
parecido. Talvez porque com nenhuma cidade sonhei tanto quando menino, atiçado
pelas leituras de Jules Verne, de Alexandre Dumas e de Victor Hugo, e a nenhuma
outra eu desejei tanto chegar e ali lançar raízes, convencido como estava,
quando adolescente, de que só vivendo em Paris chegaria algum dia a ser um
escritor.
Era uma
grande ingenuidade, é óbvio, e, no entanto, de algum modo, deu certo. Em uma
água-furtada do Wetter Hotel, no Quartier Latin, terminei meu primeiro romance,
e, nos quase sete anos que vivi em Paris, publiquei meus primeiros três livros
e comecei a me sentir e a funcionar na vida como nada mais e nada menos que um
escrevinhador. Na Paris do final dos anos cinquenta e começo dos sessenta,
ainda viviam Sartre, Mauriac, Malraux e Camus, e um dia descobri André Breton,
de paletó e gravata, comprando peixe no mercadinho da rue de Buci. Uma tarde,
na Biblioteca Nacional da época, ao lado da Bolsa, tive como vizinha uma Simone
de Beauvoir que não afastava o olhar por um só instante da montanha de livros
em que estava meio enterrada. Eram os anos do teatro do absurdo, de Beckett,
Ionesco e Adamov, que era visto todas as tardes, com os olhos enlouquecidos,
escrevendo furiosamente no terraço do Mabillon.
sábado, outubro 18
Conselho
O homem que não viveu e não morrerá
Uma falsa biblioteca dá entrada para o gabinete secreto do
mais famoso detetive do mundo, numa exposição que ficará por seis meses no
Museu de Londres, sobre o imortal detetive. A mostra “Sherlock Holmes: o homem
que nunca viveu e que nunca morrerá”. A primeira grande exposição realizada na capital desde o
Festival do Reino Unido há mais de 60 anos relembra a Londres do final do
século XIX e início do XX que inspirou os cenários da personagem que notabilizou
o escritor Sir Arthur Conan Doyle.
Para entender o que está por trás da construção de Holmes e
o que o terá levado a palcos de teatros, televisão e cinema pelo mundo, a
exposição reúne peças importantes, como os manuscritos de “Os assassinatos na
rua Morgue” (1841), de Edgar Allan Poe, tida como uma das primeiras histórias
de detetive, um raro retrato a óleo de Doyle feito por Sidney Paget, que também
é o autor das ilustrações da revista “Strand“ (cujos originais estão na
exposição), responsável por publicar todas as aventuras de Sherlock entre 1891
e 1920.
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