Longe dos
olhos do público, documentos e livros raros estão se deteriorando pela ação de
traças, mofo e até ratos num prédio na Região Portuária em que a Fundação
Biblioteca Nacional guarda parte de seu acervo. Um dos casos mais graves é o da
coleção M-18, que reúne quatro mil livros do século XVIII. O material, doado à
biblioteca em 1910, até hoje não foi catalogado. A coleção está armazenada em
estantes, num dos depósitos de periódicos, no terceiro andar, por falta de
espaço no Departamento de Obras Raras. Alguns livros apresentam mofo e traças,
que já consumiram várias páginas. Em outras publicações, não é mais possível
ler o texto, devido a manchas amareladas nas folhas, por problemas na
conservação.
Num
relatório de 1917, a direção da biblioteca já manifestava preocupação com a
coleção M-18 e ressaltava que a falta de pessoal, a Primeira Guerra Mundial, as
mudanças políticas e a escassez de recursos impediam o tratamento do acervo.
Perguntada sobre o estado de conservação do material, a Biblioteca Nacional
informou que aguarda a contratação de 40 concursados para acelerar o processo
de tratamento das obras e disponibilizá-las ao público.
Segundo a
diretoria da Associação de Servidores da Biblioteca Nacional, o prédio anexo
tem sido utilizado como depósito de obras e materiais há mais de uma década,
apesar de o ambiente ser inadequado para o armazenamento, e os danos sofridos
pelo acervo são irreversíveis. “As condições do anexo são as piores entre os locais
de armazenamento de acervo da Biblioteca Nacional”, afirmou, por meio de nota.
A entidade também disse que, na sede da Avenida Rio Branco, o acervo é guardado
em condições inadequadas, pois o sistema de ar-condicionado funciona de forma
precária.
O que acontece na biblioteca é um escárnio com a cultura. É o descaso de um país que vê o investimento cultural como algo supérfluoNireu Cavalcanti
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