Achille Beltrame copiando e desenhando, Walter Molino (1915-1997) |
O conselho universal aos que querem se tornar escritores é conhecido: leia. Leia sempre. Leia bons escritores. Leia maus escritores. Perceba a diferença entre eles. Imite. Tente escrever no estilo de algum escritor de que você gosta; tente o estilo de quem você não gosta. Aprenda as diferenças. É claro que o conteúdo é importante. Esse não se aprende. Mas a técnica pode ser aprendida. É um caminho solitário e tortuoso. Solitário principalmente.
Meu avô se dedicou à escrita além da advocacia. Contribuiu por algum tempo com colunas semanais para jornais brasileiros, e vendo que eu, criança, havia mostrado uma certa habilidade para a palavra escrita, recomendou que eu copiasse um, dois, ou três parágrafos, um conto ou uma crônica de que eu gostasse; que eu simplesmente copiasse o texto, para aprender melhor como o escritor chegou ao resultado que havia me encantado.
Por isso mesmo, através dos anos, acabei com uma quantidade grande de trechos de livros copiados numa série de cadernos simples com anotações bibliográficas em geral incompletas. Esse hábito me persegue até hoje. Este blog se assemelha um tanto a esses meus cadernos. Mas ainda me surpreendo quando escolho um trecho, que me encantou, porque descubro o uso de uma palavra que passou despercebida na leitura inicial ou uma colocação de vírgulas, dois pontos, ou divisão de parágrafos que eu não teria notado se não tivesse tido o cuidado de copiar o texto. Esse hábito me tornou uma leitora cuidadosa.
O mesmo conselho foi dado aos pintores. Tradicionalmente, desde a idade média, quando eram treinados nas Guildas de São Lucas, pintores que demonstravam habilidades, copiavam seus mestres. Começando aos onze ou doze anos, dedicavam-se primeiro à fabricação de tintas, aprendendo a ralar as pedras coloridas usadas pelos mestres. Esse longo aprendizado – de muitos anos — ensinava todos os truques do ofício até o jovem ter o direito de pintar os ramos de flores em uma tela do pintor responsável pela sua educação, ou a paisagem de fundo. Era uma escola rígida, o ofício era levado a sério. E só era permitido que alguém se chamasse pintor depois de passar por tal sistema. Dentro desse esquema, copiar o mestre era comum e um mérito.
Por isso mesmo, através dos anos, acabei com uma quantidade grande de trechos de livros copiados numa série de cadernos simples com anotações bibliográficas em geral incompletas. Esse hábito me persegue até hoje. Este blog se assemelha um tanto a esses meus cadernos. Mas ainda me surpreendo quando escolho um trecho, que me encantou, porque descubro o uso de uma palavra que passou despercebida na leitura inicial ou uma colocação de vírgulas, dois pontos, ou divisão de parágrafos que eu não teria notado se não tivesse tido o cuidado de copiar o texto. Esse hábito me tornou uma leitora cuidadosa.
O mesmo conselho foi dado aos pintores. Tradicionalmente, desde a idade média, quando eram treinados nas Guildas de São Lucas, pintores que demonstravam habilidades, copiavam seus mestres. Começando aos onze ou doze anos, dedicavam-se primeiro à fabricação de tintas, aprendendo a ralar as pedras coloridas usadas pelos mestres. Esse longo aprendizado – de muitos anos — ensinava todos os truques do ofício até o jovem ter o direito de pintar os ramos de flores em uma tela do pintor responsável pela sua educação, ou a paisagem de fundo. Era uma escola rígida, o ofício era levado a sério. E só era permitido que alguém se chamasse pintor depois de passar por tal sistema. Dentro desse esquema, copiar o mestre era comum e um mérito.
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