Ligando a unidade de memória do aparelho, veria a primeira página do jornal escolhido e anotaria os tópicos que lhe interessassem. Cada manchete possuía um código de dois algarismos. Era só marcar o número desejado para que o pequeno retângulo do tamanho de um selo aumentasse até ocupar toda a tela, formando uma imagem nítida e fácil de ler. Quando terminasse a leitura, faria voltar à tela a página completa e selecionaria outro assunto para exame mais detalhado.
Floyd pensou consigo mesmo que talvez aquele aparelho, apesar da extraordinária tecnologia necessária ao seu funcionamento, não fosse ainda a última palavra na eterna busca do Homem, em seu desejo de comunicações mais perfeitas. Aqui estava ele, em pleno espaço, afastando-se da Terra a uma velocidade de milhares de quilômetros por hora e, no entanto, podia, em fração de segundo, ver as manchetes de qualquer jornal. (Pensando bem, os próprios jornais eram anacrônicos na era da eletrônica.) As notícias eram atualizadas de hora em hora. Ainda que alguém lesse apenas o texto em inglês, poderia passar a vida inteira sem outra ocupação senão ver a sempre renovada torrente de informações enviadas pelos satélites transmissores.
Era difícil imaginar que o sistema pudesse ser mais aperfeiçoado ou tornado mais prático. Porém mais cedo ou mais tarde, pensava Floyd, acabaria sendo substituído por algum novo aparelho, tão impossível de ser imaginado quanto teria sido o noticioso eletrônico para Caxton ou Gutemberg.
Arthur C. Clarke, "Uma odisseia no espaço"
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