Para um leitor estrangeiro não familiarizado com o Brasil, é difícil aceitar como fatos, ou ao menos fantasias verossímeis, a história do roubo da taça, quando dois ladrões pé de chinelo, Luiz Bigode e Chico Barbudo, e o malandro otário Peralta roubam a taça do nono andar da CBF e a vendem pelo seu peso, 1,8 kg, depois transformados em duas barras de ouro. Mas é fato.
Também é fato, embora supere a ficção, que a CBF mandou fazer uma réplica de metal — que ficava trancada no cofre! — enquanto a real era exposta atrás de uma vitrine...
Mas essa fabulosa história, cheia de detalhes, ângulos e hipóteses, se mistura com um encontro amoroso complexo e cheio de humor e ironia, entre um escritor de um sucesso só e uma ruiva linda e misteriosa, ligados pela Jules Rimet e pela lendária seleção húngara de 1954.
O folhetim é o grand finale, mas outras histórias como “Conselhos literários fundamentais” e “A fruta por dentro” encantam a cada frase; o homem é um craque em domínio de bola, em dribles sensacionais, em tática e técnica, mestre na estratégia de García Márquez — levar o leitor ao próximo parágrafo eletrizado e hipnotizado pelo ritmo das palavras.
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