segunda-feira, agosto 11

Jovens reencontrados


Os jovens num sebo sempre são sinal de revitalização. Há algo de errado lá fora que faz com que procurem em meio à velharia um outro mundo perdido entre páginas empoeiradas. 

É o que acontece agora quando três deles se extasiam diante de tantos volumes subindo pelas paredes, lombadas e mais lombadas enfileiradas. Nunca pisaram numa tal livraria. Para eles, a fantasia dos livros era guardada nas lojas de shoppings refrigerados, higienizados, arquitetados para aguçar o consumismo. O que encontravam nas livrarias dessas ilhas da fantasia era o que existia para eles. 

De repente, descobrem um tesouro. E com uma emoção a mais: é preciso garimpar, ir fundo nas prateleiras, descobrir até mesmo aquele livro esquecido que um dia viram citado por um professor e nunca tiveram a curiosidade de conhecer. Agora está ali, um pouco desgastado pelo tempo, talvez bem mais do que o próprio professor, agora tão velho. 

Surgem livros encadernados em couro, álbuns antigos de gravuras, revistas que seus avós devem ter conhecido em criança, heróis que pensavam terem surgido ainda ontem e vêem octagenários. 

Os jovens abriram um baú da Ilha do Tesouro e vivem a fantasia de serem “piratas” escavando preciosidades, que o progresso resolveu esconder em prateleiras empoeiradas. Para eles, agora, a iluminação feérica dos shoppings não revelará nunca este mundo encantado descoberto agora sob tão pouca luz e acinzentado pela poeira.        

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