Os jovens num sebo sempre são sinal de
revitalização. Há algo de errado lá fora que faz com que procurem em meio à velharia
um outro mundo perdido entre páginas empoeiradas.
É o que acontece agora quando
três deles se extasiam diante de tantos volumes subindo pelas paredes, lombadas
e mais lombadas enfileiradas. Nunca pisaram numa tal livraria. Para eles, a
fantasia dos livros era guardada nas lojas de shoppings refrigerados,
higienizados, arquitetados para aguçar o consumismo. O que encontravam nas
livrarias dessas ilhas da fantasia era o que existia para eles.
De repente,
descobrem um tesouro. E com uma emoção a mais: é preciso garimpar, ir fundo nas
prateleiras, descobrir até mesmo aquele livro esquecido que um dia viram citado
por um professor e nunca tiveram a curiosidade de conhecer. Agora está ali, um
pouco desgastado pelo tempo, talvez bem mais do que o próprio professor, agora
tão velho.
Surgem livros encadernados em couro, álbuns antigos de gravuras,
revistas que seus avós devem ter conhecido em criança, heróis que pensavam
terem surgido ainda ontem e vêem octagenários.
Os jovens abriram um baú da Ilha
do Tesouro e vivem a fantasia de serem “piratas” escavando preciosidades, que o
progresso resolveu esconder em prateleiras empoeiradas. Para eles, agora, a
iluminação feérica dos shoppings não revelará nunca este mundo encantado descoberto
agora sob tão pouca luz e acinzentado pela poeira.
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