Flaubert viu o Saara inteiro em um grão de areia escondida na bainha de um vestido de inverno da Emma Bovary, escreveu Winfried Georg Sebald (1944 - 2001) em “Anéis de Saturno”, e de acordo com ele, de acordo com Flaubert, cada átomo pesado tanto quanto as montanhas de Atlas. O escritor cuja obra é, acima de tudo, uma ponte entre o passado e o futuro, um botão, um cerzir, vinculando a convulsiva e, em muitos aspectos, profundamente triste século XX, com a nova marca 21, era capaz de passar do micro para o macro em uma mesma frase, porque embora a literatura é em miniatura, aspira a representar a enorme, o universo, um universo, no caso de Sebald, em cujo coração bate a tragédia judaica. "O seu trabalho foi capaz de exercer um olhar crítico para a história," diz Pablo Helguera, responsável, juntamente com Jorge Carrión, da ambiciosa exposição do Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona (CCCB) dedicada ao autor de Austerlitz. Seu título, “As variações Sebald” fica até julho em Madri, entre mariposas de papel negras, como en una sucessão de mutações de si mesmo.
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