quinta-feira, julho 2

Amós Oz premiado por 'Judas'

O escritor israelense Amós Oz será agraciado com o Prêmio Internacional de Literatura 2015, concedido pela Casa das Culturas do Mundo (Haus der Kulturen der Welt), em Berlim, e pela Fundação de Partículas Elementares de Hamburgo, pelo romance Judas, de 2014. Oz receberá o Prêmio Internacional de Literatura, no ao lado de sua tradutora para o alemão, Mirjam Pressler, no dia 8 de julho, em Berlim. O escritor será agraciado com 25 mil euros e Pressler, com 10 mil euros. 

"Quão seguros judeus podem se sentir neste mundo?", perguntou o autor em entrevista à DW à época do lançamento do livro em hebraico. "Não estou pensando nos últimos 20 ou 50 anos, mas sim nos últimos 2 mil anos", disse o autor, de 76 anos.

Como em todos os seus romances e contos, no mais tardar após “De Amor e Trevas”, de 2002, “Judas” também aborda questões básicas sobre a existência de Israel: a fundação do Estado no contexto do Holocausto e as guerras e confrontos com os palestinos.

Em “Judas”, publicado no Brasil pela Companhia das Letras, três gerações convivem numa casa na periferia do centro antigo de Jerusalém no final dos anos 1950. Schmuel Asch precisa urgentemente encontrar um trabalho. A empresa do pai está arruinada, assim como o sustento do filho.

Em troca de acomodação e uns trocados, o fracassado estudante de Teologia lê e conversa com um idoso portador de deficiência física, um homem culto chamado Gershom Wald. Schmuel passa a viver com o senhor e a nora viúva na casa silenciosa.

"Jesus aos olhos dos judeus" era o tema da planejada tese de mestrado de Schmuel e serve de excelente base para suas conversas filosóficas com o idoso. Somente aos poucos fica clara para o jovem a relação do velho com a outra habitante da casa. A misteriosa Atalia era a mulher do falecido filho de Gershom.

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Assim começa o livro...

Eis aí uma história dos dias de inverno no final de 1959 e início de 1960. Nesta história há erro e desejo, há amor frustrado e certa questão religiosa que ficou aqui sem resposta. Em alguns prédios ainda se reconhecem os sinais da guerra que há dez anos dividiu a cidade. Ao fundo dá para ouvir o toque distante de um acordeão ou os sons nostálgicos de uma gaita ao entardecer, por trás de uma persiana cerrada.

Em muitas residências de Jerusalém é possível ver na parede da sala de estar o redemoinho de estrelas de Van Gogh ou a ardência de seus ciprestes, e nos pequenos quartos ainda estão estendi das esteiras de palha, e um exemplar de Iemei Tziklag ou de Doutor Jivago virado e aberto na beirada de um colchão de espuma co berto com um pedaço de tecido de motivo oriental e um monte de almofadas bordadas. Durante a noite inteira um aquecedor a querosene arde com uma chama azul. De dentro de um cartucho de obus no canto da sala cresce uma espécie de ramalhete estilizado feito de ramos de espinheiro.

No início de dezembro Shmuel Asch interrompeu seus estudos na universidade e pretendia ir embora de Jerusalém, por causa de um amor frustrado, devido a uma pesquisa que empa cou e principalmente porque a situação econômica de seu pai despencara e Shmuel se via obrigado a procurar algum trabalho.

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