Um inglês plantou um jardim dentro de um garrafão de vidro. Isso foi em 1960. A última rega que o jardim recebeu foi em 1972. De lá pra cá o ecossistema no interior do garrafão equilibrou-se e cresceu autossuficiente, necessitando somente de luz solar.
O feito do britânico demonstra mais uma vez que a natureza sempre encontra um jeito. De fato, quem precisa de muito somos nós. Para a natureza basta o sol e este lindo planeta, tal qual o temos compartilhado desde que inauguramos nosso caminhar ereto. Já a espécie humana se comporta como se um planeta apenas não fosse suficiente. Olha que somos de longe o melhor pouso deste sistema solar. Não é bairrismo, tiro onda porque para além de Marte, por enquanto, nem adianta sonhar.
Há quem nos defenda. Dizem que a humanidade também encontra um jeito, reparando por exemplo em soluções novas para lidar com a enorme quantidade de plástico que polui nossos oceanos. Mas junto da natureza somos mais jovens que bebês. Ela já ditava o ciclo da vida milhões de anos antes de esquecermos um pouco as caçadas e descobrirmos que dava para viver plantando e colhendo num cantinho que pudéssemos chamar de nosso.
Desconfio que foi nessa encruzilhada que começou a treta. Quando passamos a chamar de nosso um lugar que pertence também a bilhões de outras espécies iniciamos a dar prejú. Tem quem não considera absurdo extinguir uma espécie. Tem quem ache normal derrubar uma árvore centenária. A treta tá feia. Não vou entrar no campo minado da alimentação porque vou me enrolar, tenho minhas dificuldades, igual geral. Mas algum consenso creio que já poderíamos ter alcançado.
Adianta pensar em colonizar a Lua? Não sorri por lá nem uma plantinha, um jequitibá, não canta um uirapuru. Teremos que levar a floresta daqui. Por via da dúvidas, por gentileza, seu Latimer, cuide bem do garrafão.
Marco Antonio
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