quinta-feira, setembro 12

À vontade do... escritor

Liev Tolstói


Lembro-me perfeitamente de o meu pai nos contar que Balzac escrevia de pé, numa espécie de prancheta inclinada, semelhante a um estirador de arquitecto, e ia atirando para o chão as folhas que concluía, apanhando-as apenas ao final da jornada de trabalho. Onde leu ele isto, não sei, pois então não existia Internet, esse depósito de informações inúteis; provavelmente num livro sobre Balzac, ou nem isso, num livro que apenas o mencionasse en passant, isto para usar uma expressão na língua do autor de A Mulher de Trinta Anos. Bem, a verdade é que foi num livro que li há muito pouco tempo (e também en passant, porque o dito livro não é sobre escritores) que Balzac não estava sozinho na opção de escrever as suas obras nessa estranha posição, pois escreviam igualmente de pé, apoiados numa escrivaninha alta, Hemingway, Virginia Woolf, Dickens, Lewis Carroll e o querido Philip Roth. E que escritores ainda mais excêntricos (em termos de postura a criar) escolhiam escrever deitados, sendo isso mais ou menos esperado num Proust sempre doente, mas já não tanto em Truman Capote, Mark Twain ou até George Orwell que se definiu, aliás, como um autor "completamente horizontal" e incapaz de pensar estando na vertical...

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