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O único ouro que o velho poeta tem é o dos dentes e o da urina.
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Uma noite, em vez de contemplar a lua, olhou para um latão de lixo e sobre ele viu, faiscando como duas estrelas de ouro, os olhos de um gato. Compreendeu então que estivera todo o tempo errada sua concepção de poesia.
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Cabelos de ouro, que minhas mãos certo dia afagaram, que ardis, que tramas daninhas dos olhos meus vos furtaram?
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Ter vivido é mais importante do que viver, para quem tem a memória atenta para os raros momentos em que a vida nos oferece o seu ouro. Quem pode garantir que haverá mais ouro em nosso caminho?
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E todas as manhãs, depois daquele dia, são e serão sempre aquela em que teus dedos, como um passarinho bicando uma faísca de ouro, puxaram da estante da livraria aquele romance de Philip Roth.
Raul Drewnick
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