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Um desejo de adoecer gravemente, de estar à morte, como estive quando tinha dez anos. Todos corriam para me socorrer, me acarinhar, me consolar. Era bom estar deitado, com febrões de quarenta graus. Nunca fui tão protagonista. Não me negavam nada. Tornei-me um chantagista. Cada remédio que precisava tomar, cada injeção, me rendiam alguma coisa. Tenho vontade de adoecer assim, seriamente, e ameaçar morrer se não me derem o quê? De que me valeriam os gibis agora, as figurinhas, a bola? E quem teria boa vontade comigo agora? Uma pessoa? Duas? Minha chantagem hoje precisaria ser outra: ameaçar viver muito tempo ainda, se não me dessem… o quê?
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Então ele a olhou com os olhos ainda mais tristes: “Sabe? Eu já estou bem no meu tempo de morrer.” Antes que ela pensasse em lhe dizer alguma coisa, ele completou: Vontade não me falta.”
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Minha força de vontade é suficiente apenas para manter viva minha apatia.
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