Uma certeza: nem apocalípticos, nem românticos do livro e da
leitura. Bem-vindos ao reino da incerteza! Um território sem horizonte claro
que desmente cada dia os gurus, porque “a única certeza é a inevitável convivência
do analógico com o digital, e não se sabe qual deles dominará”. Essa é a
constatação da realidade que faz Roger Chartier, um dos mais prestigiosos
especialistas em historiografia e direto da Escola de Estudos Superiores de Ciências
Sociais, de Paris. Colapso ou saída de um mundo e chegada de outro donde,
afirma Chartier, em sua reordenação, a escolas e os meios de comunicação devem
jogar um papel fundamental para preservar, conservar e reforçar valores centenários
que contribuem para a melhor formação do indivíduo.
"Livrarias, bibliotecas e meios de comunicação são os pontos mais frágeis no ecosistema do livro e da divulgação da cultura. Por isso “este mundo dual requer medidas urgentes. O fomento e a promoção da leitura devem mudar, reforçar-se e adaptar-se a novos tempos”
Não se trata de uma era de um mundo recém feito, do tipo
Macondo, onde as coisas são tão novas que não têm nome e devem ser assinaladas
com o dedo, mas devem ser renomeadas, redefinidas, reescritas, reinterpretadas,
requalificadas...
Uma realidade vacilante que obriga, assegura Chartier, a várias
mudanças, começando pela própria historiografia. “Tudo deve ser mais exigente,
devido aos riscos indomáveis da Rede, porque o leitor fiscaliza o trabalho. E
ao mesmo tempo há que orientá-lo e ensiná-lo a valorizar e a mover-se no oceano
da internet. E essa é uma carência hoje”.
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