Na primavera de 1964, Saul Bellow reescreveu “Herzog” quase
por completo e o mandou a seu editor em Nova Iorque. Umas
50 páginas não chegaram a seu destino. Fizeram parte de um assalto ao correio
de Hyde Park, bairro de Chicago, onde vivia o escrito e onde agora tem sua casa
o presidente Barack Obama. Os ladrões escaparam em um Cadillac amarelo
com o dinheiro e as bolsas do correio.
Em seguida, os assaltantes espalharam o que não servia a
eles em terrenos baldios a oeste do rio de Chicago. O que sobrou das páginas de
“Herzog” apareceu dias depois. Os ladrões foram presos e o dinheiro recuperado,
mas meu trabalho estava reduzido a farrapos (minha primeira recepção
crítica?)”, escreveu Bellow a uma amiga.
Bellow voltou a corrigir mais uma vez a novela, fez e refez
quase até a impressão. Já havia mudado o título inúmeras vezes (um das opções
era “O fornicador”) e até eliminou detalhes mais crus. A única parte intocável
foi a primeira frase: “Se estou de lua, tanto melhor, pensou Moses Herzog”
“Bellow não tinha grandes expectativas para “Herzog”.
Acreditava que talvez vendesse 8 mil exemplares. Se decepcionara muitas vezes e
quanta gente queria ler um livro sobre um obscuro acadêmico, que escreve cartas
aos mortos? Ele foi o mais surpreendido por seu êxito”, escreve James Atlas, o
editor e autor da biografia de referência sobre Bellow, que lhe deu acesso às
suas cartas e a seus familiares.
A editora teve que imprimir uma segunda edição de “Herzog” (capa da 1ª edição ao lado) uma semana depois de por à venda o livro. Vendeu mais de 140 mil exemplares em
capa dura e mais de 1 milhão em edição de bolso em seu primeiro ano. Passou 42
semanas na lista dos livros mais vendidos do jornal New York Times, que no dia
20 de setembro de 1964 publicou a crítica do livro na capa, proclamando a
novela “uma obra de arte”. “Herzog” tirava o primeiro lugar da lista de “O espião
que saiu do frio”, de John Le Carré. Os
jornais proclamavam o “festival Bellow” e o prefeito de Chicago tentava
esconder que não havia lido a nova favorita do ano. Bellow foi definido como o
sucessor de Hemingway e Faulkner.
Uma boa opção é o texto especial de Bellow
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