Há quem pense que os livreiros só guardam velharia. Há mesmo
aqueles que veem o sebista como um guarda de mortos. Não é à toa a aversão,
principalmente das mulheres, a essas lojas. A desculpa é sempre da poeira e da
velharia. Afinal, a maioria dos livros é de autores e leitores mortos, com
muito pó guardado. Mas ainda assim quanta vida podem gerar. Os autores estão
preservados, intatos, em ideias e texto. Os leitores marcaram de alguma forma
os seus dias de leitura. Bem pode ser que livros mortos, mas estes já nasceram
para virar pó. Tinham característica própria de que rapidamente acabariam num
papeleiro ou, se resistissem mais, alimentariam traças. São minoria. Os livros
resistem bem mais do que se pensa. Um reparo aqui e outro ali faz deles quase
imortais. Alguns mesmo superam os próprios imortais. Estão nas prateleiras há quase
tantos anos quanto o autor tem de morte. Esperam a mão, a curiosidade que
guiará a mão do leitor para saborear um jeito de ser mais velho do que a
própria vovozinha. E ficam por lá,
conservados em poeira, resguardados em teias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário