sexta-feira, julho 25

À espera do leitor



Há quem pense que os livreiros só guardam velharia. Há mesmo aqueles que veem o sebista como um guarda de mortos. Não é à toa a aversão, principalmente das mulheres, a essas lojas. A desculpa é sempre da poeira e da velharia. Afinal, a maioria dos livros é de autores e leitores mortos, com muito pó guardado. Mas ainda assim quanta vida podem gerar. Os autores estão preservados, intatos, em ideias e texto. Os leitores marcaram de alguma forma os seus dias de leitura. Bem pode ser que livros mortos, mas estes já nasceram para virar pó. Tinham característica própria de que rapidamente acabariam num papeleiro ou, se resistissem mais, alimentariam traças. São minoria. Os livros resistem bem mais do que se pensa. Um reparo aqui e outro ali faz deles quase imortais. Alguns mesmo superam os próprios imortais. Estão nas prateleiras há quase tantos anos quanto o autor tem de morte. Esperam a mão, a curiosidade que guiará a mão do leitor para saborear um jeito de ser mais velho do que a própria vovozinha.  E ficam por lá, conservados em poeira, resguardados em teias. 

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