Café preto
Hercule Poirot tomava o café da manhã no seu pequeno porém
aconchegante apartamento em Whitehall Mansions. Tinha apreciado o brioche e a
xícara de chocolate quente. Para surpresa de seu criado George, pois Poirot era
uma criatura metódica que raramente variava a rotina do seu breakfast, o patrão pediu-lhe que
preparasse uma segunda xícara de chocolate. Enquanto esperava por ela,
relanceou de novo para a correspondência da manhã, pousada sobre a mesa.
Meticulosamente ordeiro como sempre, ele colocou os
envelopes descartados numa pilha bem arrumada. Haviam sido abertos com cuidado,
com uma espátula em forma de espada em miniatura que seu velho amigo Hastings
lhe dera como presente de aniversário havia muitos anos. Uma segunda pilha
continha aqueles comunicados que considerava de nenhum interesse – panfletos,
principalmente -, que no momento oportuno pediria a George para dar um fim. A
terceira pilha consistia naquelas cartas que exigiam algum tipo de respostas,
ou pelo menos confirmação de recebimento. Cuidaria disso depois do desjejum e,
em todo caso, não antes das dez horas. Poirot achava não ser muito profissional
começar uma rotina diária de trabalho antes das dez. Quando estava envolvido
num caso... ah, bem, claro que aí era diferente. Recordou-se daquela vez em que
ele e Hastings levantaram bem antes do alvorecer a fim de...
Agatha Christie
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