Um jovem de
12 anos e três meses falava comigo sobre o concerto a que tinha assistido. Sem
grande vocabulário, descrevia a multidão, o desempenho da banda principal e o
entusiasmo crescente do público, à medida que o espectáculo se aproximava do
fim. Ouvi com atenção, ao mesmo tempo que estimulava o relato, precisando
alguns pontos com perguntas simples. O diálogo correu bem e tenho a certeza de
que o Diogo ficou agradado com o meu interesse.
Quando a conversa se esgotou, dei-lhe para a mão um jornal recente, onde se fazia a crítica do concerto. Sugeri que a lesse, porque os conhecimentos do crítico musical davam uma visão interessante sobre as canções e poderiam ampliar alguns dos seus conhecimentos, já que a música era sem dúvida uma das suas áreas de interesse.
Com um gesto de enfado, respondeu:
— Tudo
isso?! Está à espera que eu leia isso tudo?! (de notar que a crítica ocupava
apenas uma coluna do jornal).
Esta resposta é habitual nos nossos dias. É muito provável que a geração actual dos nossos adolescentes deixe para sempre de ler jornais, revistas e livros. Sei que professores, alguns pais e muitos responsáveis da educação salientam que ainda há muitos leitores jovens e que as feiras de livros recebem muita gente, por isso persistem em não querer ver este problema. Infelizmente, ele existe.
O cérebro infantil e adolescente precisa de tempo para metabolizar tantos factos disponíveis na Internet (o que é uma conquista dos tempos modernos). A leitura e a escrita própria garantem a pausa necessária para continuar a processar informação que se possa transformar em conhecimento. A não ser assim, teremos no futuro jovens conectados a todo o instante, mas com dificuldade em parar para pensar.
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