Quando era criança e me perguntavam o que queria ser
quando fosse grande, eu respondia: “Bombeiro, astronauta”. Minha resposta nunca
nem passou perto de: “Quero ser escritor de livros infantis”. Hoje, quando me
encontro com leitores por todo o Brasil, já escuto com frequência crianças que
sonham ser escritores. Isso, com certeza, tem a ver com o privilégio de uma
geração de conhecer escritores e se identificar com eles. Aliás, não conheci
nenhum escritor ao vivo na
minha vida escolar.
O que acontece nesses encontros com as crianças? É um
momento em que conto os bastidores da minha criação literária, falo como cada
história nasceu e como minhas filhas fazem parte desse processo. Por exemplo, o
livro “Papai é Meu!” começou
a ser gestado em um passeio ao parque, quando a menor começou a puxar meu braço
dizendo: “Papai é meu!”.A mais velha reagiu: “Não, papai é meu!”. Começou um
cabo de guerra com os meus braços que não aguentei e dei um grito: “Para!”. A
pequena disse: “O que foi, pai?”. “Vocês querem me rasgar pela metade?”. A
pequena, com espanto, perguntou: “O que ia acontecer?”. “Cada uma ia ficar com
uma metade de pai!”. A pequena arregalou os olhos e disse: “Que legal!”. Abri
um sorriso e comecei a construir o livro na minha cabeça. Para descobrir o
resto, só lendo o livro.
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