Beleza em
busca de conhecimento 1782
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A
bibliofilia tem muito de esporte, praticado diversamente por pobres e ricos.
Uma é a bibliofilia dos esnobes endinheirados que compram livros raros ou
luxuosos, não para os ler, mas pela vã
glória de os possuir. Outra é a bibliofilia dos que realmente leem com apetite
e curiosidade insaciáveis e cuja ânsia de leitura se estende por bem dizer a
todos os livros.
(...)
Na verdade, o culto que bibliólatra pobre vota aos livros é antes de nada um culto de leitor e não de simples colecionador.
(...)O bibliófilo pobre sai para a rua em peregrinações aventurosas pelos mercadores de livros usados. Não busca livros raros e caros, mas livros baratos e curiosos, que verdadeiramente convidem à leitura.
Até há bem
poucos anos, o bibliófilo pobre, saindo a curiosear pelos livro-velheiros ,
topava às vezes algumas obras interessantes, já pouco achadiças. Eram encontros
felizes, agradáveis, alegrias positivas, que custavam pouco dinheiro. Agora, é
muito difícil. Os achados pouco dispendiosos são cada dia mais caros, porque os
livros de sebo, com judaica cupidez, fariscam logo aquilo que mais pode
interessar aos amadores de alfarrábios e, em consequência, cotam bem a sebosa
mercadoria.
Adeus,
pechinchas!
(Trechos do
artigo de Eduardo Frieiro, em Os livros nossos amigos)
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