Se a mentira
é mesmo o tempero da verdade, como diz o provérbio, o Barão de Munchausen pode
ser considerado um chef. Isto porque as histórias que ele contava nos jantares
em sua casa, da carreira como militar, eram carregadas de incríveis façanhas e
muita ficção. Não poderia ser diferente. Afinal, o alemão Hieronymus Carl
Friedrich von Münchhausen (1720-1797) havia participado de duas guerras e, como
oficial do Exército, viajara pelo mundo. No caminho, ele carregou um canhão no
ombro; cavalgou, submerso, por mares; e ainda viajou até a Lua, em busca de uma
querida machadinha, arremessada ao alto pelo próprio mitômano.
As loucas
aventuras do Barão tornaram-se conhecidas graças a um bibliotecário chamado
Rudolf Erich Raspe (1736-1794), que, ao ouvi-las, informalmente, nos saraus
promovidos pelo ex-militar, resolveu redigi-las, e depois, publicá-las em “As
surpreendentes aventuras do Barão de Munchausen”. Publicado na Inglaterra em 1785,
o livro acaba de ganhar uma nova e luxuosa edição pela Cosac Naify, com capa
dura, formato gigante (23 x 33cm) e o acréscimo de 17 novas histórias,
apócrifas e inéditas no Brasil, que foram produzidas posteriormente, reforçando
a figura mítica do personagem que adorava contar vantagem. E desafiava aqueles
que duvidassem de suas proezas, como aparece na dedicatória aos leitores, em
tradução deliciosamente empolada de Claudio Alves Marcondes:
“Tendo ouvido, pela primeira vez, que as minhas aventuras foram postas em dúvida, e tidas como piadas, vejo-me na obrigação de me apresentar e de justificar o meu caráter — por sua veracidade —, empenhando três xelins na Mansion House desta grande cidade para assegurar os documentos aqui anexados. A isso me vi forçado em prol da minha honra, embora há muito tenha me retirado da vida pública e privada; espero que esta derradeira edição seja capaz de me mostrar sob uma luz adequada aos meus leitores”.
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