segunda-feira, novembro 24

Munchausen em nova edição


Se a mentira é mesmo o tempero da verdade, como diz o provérbio, o Barão de Munchausen pode ser considerado um chef. Isto porque as histórias que ele contava nos jantares em sua casa, da carreira como militar, eram carregadas de incríveis façanhas e muita ficção. Não poderia ser diferente. Afinal, o alemão Hieronymus Carl Friedrich von Münchhausen (1720-1797) havia participado de duas guerras e, como oficial do Exército, viajara pelo mundo. No caminho, ele carregou um canhão no ombro; cavalgou, submerso, por mares; e ainda viajou até a Lua, em busca de uma querida machadinha, arremessada ao alto pelo próprio mitômano.

As loucas aventuras do Barão tornaram-se conhecidas graças a um bibliotecário chamado Rudolf Erich Raspe (1736-1794), que, ao ouvi-las, informalmente, nos saraus promovidos pelo ex-militar, resolveu redigi-las, e depois, publicá-las em “As surpreendentes aventuras do Barão de Munchausen”. Publicado na Inglaterra em 1785, o livro acaba de ganhar uma nova e luxuosa edição pela Cosac Naify, com capa dura, formato gigante (23 x 33cm) e o acréscimo de 17 novas histórias, apócrifas e inéditas no Brasil, que foram produzidas posteriormente, reforçando a figura mítica do personagem que adorava contar vantagem. E desafiava aqueles que duvidassem de suas proezas, como aparece na dedicatória aos leitores, em tradução deliciosamente empolada de Claudio Alves Marcondes:
“Tendo ouvido, pela primeira vez, que as minhas aventuras foram postas em dúvida, e tidas como piadas, vejo-me na obrigação de me apresentar e de justificar o meu caráter — por sua veracidade —, empenhando três xelins na Mansion House desta grande cidade para assegurar os documentos aqui anexados. A isso me vi forçado em prol da minha honra, embora há muito tenha me retirado da vida pública e privada; espero que esta derradeira edição seja capaz de me mostrar sob uma luz adequada aos meus leitores”.

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