“As bibliotecas estão
atrasadas e se perdendo no tradicionalismo porque não são constituídas como um
espaço onde todos podem se expressar”, analisa Edmir Perrotti, professor da
Universidade de São Paulo (USP) e curador do programa Quem Lê, Sabe Por Quê, da
Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Perrotti, que também já foi
conselheiro do Ministério da Educação para a política de formação de leitores é
o idealizador das redes de leitura em escolas brasileiras na década de 80. Ele
coloca a rede de bibliotecas interativas do Centro Educacional da Fundação
Salvador Arena como referência de interatividade no país. “Quinze anos depois
da implantação das primeiras redes no Brasil, poucas seguem o conceito de
interatividade da forma correta e, em uma situação ainda mais grave, boa parte
das escolas ainda não tem nem mesmo as bibliotecas tradicionais”, completa.
Segundo dados do
Censo Escolar, 65% das unidades de ensino, públicas e privadas, estão sem
bibliotecas no Brasil. Os números mostram que pouca coisa mudou desde 2010,
quando entrou em vigor a lei 12.244, que obriga todos os gestores a
providenciar, até 2020, espaços estruturados de leitura em seus colégios. Na
época em que a lei foi sancionada, só 33,1% das escolas tinham bibliotecas. Até
o fim do ano passado eram apenas 35%. “As que existem, dentro ou fora das
instituições de ensino, estão fora do contexto e mais inibem do que provocam o
leitor”, completa Perrotti.
As bibliotecas
interativas começaram a ser implantadas no país no final da década de 90,
depois de uma pesquisa do Departamento de Biblioteconomia da Escola de
Comunicações e Artes da USP, que descobriu a necessidade de novos programas de
distribuição de livros e meios de incentivo à leitura mais eficazes. O projeto,
desde então, beneficiou escolas de São Paulo, São Bernardo do Campo e Diadema,
no Grande ABC, além do município de Jaguariúna, no interior do estado de São
Paulo. A rede de bibliotecas interativas do Centro Educacional da Fundação
Salvador Arena foi uma das primeiras a serem implantadas no Brasil, em 1999.
A aprendizagem começou a ser estimulada pela presença de
suportes tecnológicos, como computador e televisão. Hoje o local é visto como
referência “Um dos principais desafios das bibliotecas é acompanhar o
desenvolvimento tecnológico da informação. Hoje, é preciso repensar
determinadas questões urgentemente. A maioria das bibliotecas que temos não
estão prontas para a diversidade digital, escrita e visual”, conclui Perrotti.
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