A Feira do Livro recebeu mais de 1,4 milhão de pessoas e queda de 5% nas vendas |
A Feira do
Livro terminou e a expectativa é de que tenha batido o milhão de visitantes e
milhares de livros vendidos. Em 2013, foram 420.384 livros comercializados e
643 sessões de autógrafos. É um sucesso. Ainda não saíram os recordistas de
vendas deste ano, mas se eu posso zoar, posso falar que sou o recordista em
“não vendas”: vendi um único exemplar de Educação e Poder Legislativo, obra de
minha autoria lançada pela Aedos Editora na Feira do Livro no último dia 14.
O presidente
do Legislativo, Professor Garcia, a quem sou imensamente grato, foi o único
vereador que compareceu à sessão de autógrafos. Poderia ter pedido cortesia,
mas preferiu pagar. Vou votar nele na próxima eleição. Ele se preocupa com a
responsabilidade da Câmara com a educação. Não é à toa: antes de ser presidente
do Legislativo, ele é professor.
Não fico
triste: milhares de autores escrevem e sequer conseguem publicar. Publicar já é
um feito face à indústria em que se transformou o meio. Se não tem apelo, se
não tem uma grande editora, uma grande capa e o apoio da mídia, você não vende.
O meio é fechado porque visa ao lucro. Espaços alternativos são raros. Autores
iniciantes têm pouca chance. As leis do meio são cruéis. Publicar pela primeira
vez, uma odisseia. Publicar um livro técnico no universo dominado pelos
best-sellers, uma temeridade. Publicar um livro já foi uma arte, mas hoje cede
à lógica da mercadoria na sociedade de massas.
Pior é a
autopublicação, um buraco negro, porque a obra pode ou não vender. É o meu
caso. Claro que a agenda dos vereadores é cheia, afinal são apenas 36
vereadores para uma cidade de 1 milhão e meio de habitantes com demandas
imensas. Eu apenas lamento sua ausência, são os principais interessados.
Mas a
questão é outra. O caso serve para refletir sobre as nossas práticas. Dizemos a
todo instante que nos preocupamos com a educação. Dizemos que as instituições
públicas devem ser chamadas à responsabilidade. Na primeira oportunidade que
uma instituição e a sociedade têm para refletir sobre o papel de seu
Legislativo, ela se ausenta. Por quê? Porque, na verdade, vivemos correndo e
escondemos o fato de que não temos tempo para ler. Preferimos os livros
pequenos, de letras enormes e imagens grandes. A cultura visual afeta o público
leitor, ela transforma o livro numa mercadoria para colocar nas estantes e
parecer culto.
Se um livro
sobre as políticas públicas de educação que se produzem no parlamento não
interessa, é porque vamos à Feira do Livro não para comprar os livros que
realmente são importantes e que vamos ler, mas porque curtimos apenas o espaço
e a sensação de consumir que a Feira provoca. Se for assim, é uma pena.
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