Folheio o livro
em temas
e termos
e resumos
e resenhas
e cálculos
e artifícios
e artilharia
pesada
releio o texto
e desconcerto
palavras em letras
indispostas
aos olhos
fechados
o livro infindável
multiplicado
em páginas
repete passagens
de errados personagens:
os mortos
os amortecidos
as mortalhas
a sensação indecifrável
do mistério na página
seguinte.
Absorvo o tema e o contemplo
em escala: a janela
do mundo transportada
à página anterior.
O livro infindável traz
a perda de tempo. O tremor
da terra devastada.
(...)
Fecho o livro, apago minhas marcas
sobre o insucesso da leitura. Destaco
em riscos o ranger dos dentes.
O livro permanece infindável na estante
onde repousa o instante inicial do personagem.
Pedro Du Bois
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