A figura abaixo refere-se a alunos do 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas. Especificamente, a figura mostra a porcentagem de alunos que leem livros de literatura sempre ou quase sempre, de vez em quando, e nunca ou quase nunca, de acordo com a escolaridade da mãe. O foco no 9º ano ocorre porque não há esta informação para alunos do 5º ano do fundamental nem para os do 3º ano do ensino médio.
Observa-se que somente cerca de um quarto dos alunos tem o hábito de ler regularmente, enquanto aproximadamente 50% leem de vez em quando. A figura mostra também que o hábito de leitura está correlacionado com desempenho em Língua Portuguesa na Prova Brasil: a média de quem lê sempre é mais de 10 pontos maior do que a média de quem nunca lê, uma diferença equivalente a quase um ano escolar.
O que mais chama a atenção, entretanto, é que a porcentagem praticamente não varia com a escolaridade da mãe. Isso abre a possibilidade para várias interpretações. Uma interpretação mais pessimista seria que pais mais escolarizados não estão repassando para seus filhos a importância da educação em geral – e da leitura, em particular.
Uma segunda interpretação, mais otimista, seria que, apesar da baixa escolaridade, pais menos escolarizados conseguem cultivar em seus filhos hábitos de leitura equivalentes ao de pais mais escolarizados. Nesse sentido, iniciativas como a do programa de leitura em voz alta direcionado a famílias carentes implementado em Boa Vista (leia aqui) podem impulsionar hábitos de leitura.
O brasileiro lê pouco, independentemente de sua condição socioeconômica. A baixa produtividade do trabalhador tão mencionada atualmente não é uma coincidência. Hábitos de leitura, esforço, pontualidade, desempenho escolar: está tudo correlacionado.
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