Imagina só, um anjo preocupado com signo. Noutros tempos, eu teria estranhado a pergunta. Hoje, nem tanto. Disse que sou de Touro. Corre por aí a crença de que nos mínimos atos somos governados pelos astros. Ou astres, que é a forma arcaica de astros. E quer dizer também fado, destino. O rapaz entendia que o papelório espalhado na calçada denunciava às escâncaras o meu horóscopo. Achou que somos do mesmo signo, igualmente trapalhões.
Não somos. Ele é Virgem, me disse. Já eu não sou trapalhão, nem chegado à astrologia. Mas não disse nada, para não o decepcionar. Afinal, não é todo dia que você encontra um rapaz gentil no Rio. Quando se afastou, por via das dúvidas conferi o dinheiro no bolso. Estava O.K. Fiquei com vergonha de tamanha desconfiança. Mas hoje é assim. Confiar, só nos astros. Para quem acredita. O que você faz de bom ou de mau, tudo é decidido lá em cima, no zodíaco. Hora, minuto e segundo, nada lhe escapa, porque os astros são minuciosos.
Astrologia ou astrosofia. Também astromancia. Os iniciados entram pelos arcanos das influências planetárias. Alegrias e desastres, está tudo escrito. Desastre, aliás, quer dizer fora da rota dos astros. Má estrela, infortúnio. A moda astrológica dura há anos e se espalha como chuchu. Fantástica reserva de fé tem o ser humano. Quer acreditar e acredita. Ser agnóstico não é para qualquer um. Só com muita soberba intelectual.
Não sei se você sabe que o Brasil também tem o seu mapa astrológico. Pois tem. Está no livro do advogado Danton de Souza – Predições astrológicas.
São cinquenta anos de pesquisa e estudo na linha de André Barbauit, Volguine e Jean Hieroz. Danton desvenda o futuro do Brasil até o ano de 2182. Que tal? O livro foi publicado em 1983. Estava prevista uma data fatídica: 3 de julho de 1991. Iria acontecer aqui um troço tão terrível que o astrólogo preferiu calar. Agora que passou, que é que foi mesmo?
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