Plantei um jardim. Cultivo flores
em vasos e em latas.
Pratico a beleza inutilmente
Rego as folhas verdes e seus grilos efêmeros.
Protejo-as da ventania,
do sol calcinador. Dou, cada dia,
três ou quatro olhares protetores,
e surpreendo a Criação fazendo-se.
Elas, nunca me disseram como sentem
este humano desvelo sem cobiças:
mas vivem, florescem, me acompanham;
atendem as visitas, gratamente,
como falando por mim, como dizendo-me:
circundam de paz o Araguaia,
e balizam de esperas, de perguntas,
de respostas, de cantos florescidos,
o horizonte longamente opaco
em vasos e em latas.
Pratico a beleza inutilmente
Rego as folhas verdes e seus grilos efêmeros.
Protejo-as da ventania,
do sol calcinador. Dou, cada dia,
três ou quatro olhares protetores,
e surpreendo a Criação fazendo-se.
Elas, nunca me disseram como sentem
este humano desvelo sem cobiças:
mas vivem, florescem, me acompanham;
atendem as visitas, gratamente,
como falando por mim, como dizendo-me:
circundam de paz o Araguaia,
e balizam de esperas, de perguntas,
de respostas, de cantos florescidos,
o horizonte longamente opaco
Dom Pedro Casaldáliga (1929-2020)
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