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Chego à idade da razão sem método, sem mérito e sem empolgação.
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Dourada foi a época em que os artistas do mundo todo passavam ao menos um ano em Paris. No regresso traziam sempre alguma novidade, mesmo que fosse um bigode ou um cavanhaque.
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Morramos nós do que for, se for preciso mintamos e ao mundo todo digamos que morremos de amor.
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Se o assunto for alegria, não me chamem. Se for tristeza, vou e tomo partido.
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Embora até possam dizer que não, os leitores, apesar de todos os modernismos, ainda esperam que os poetas, falem do que falarem, falem principalmente de amor.
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A tristeza não tem fim, só recomeços.
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O que tínhamos fomos dando ao amor. Depois que se apossou de tudo, nunca mais vimos seu rosto de anjo e seus olhos pedinchões.
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Todos sabiam de que venturoso mal padecíamos no tempo em que nos subjugava o amor. Nossos olhos encovados e nosso agradecido rosto de mártir nos denunciavam.
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Seria inadequado eu dizer que a poesia me deve alguma coisa. Pode alguém considerar sério um pacto que um velho bisonho, na época ainda com vinte anos incompletos, diz ter firmado com uma senhora brilhante e respeitabilíssima?
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Habituado a lidar com as flores, os passarinhos e as mulheres, o desiludido poeta romântico hoje convertido às causas sociais procura rimas para povo, cidadãos, liberdade e luta e a cada poema que faz imagina que com ele se deflagrará uma revolução.
Raul Drewnick
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