quarta-feira, julho 2

Os conflitos de um superdotado

    Milu Leite faz uso da metalinguagem e traz de volta personagens de livro premiado com o
Jabuti em 2006. Bernardo, um adolescente superdotado, vive as descobertas e os conflitos de alguém  que não encontra lugar em seu meio e se refugia na literatura, escrevendo uma história cujos personagens são inspirados em um grupo de jovens que ele observa da janela de seu apartamento. Em “O dia em que b apareceu” (Editora Biruta), a escritora e jornalista Milu Leite traz uma novela policial que lança mão da metalinguagem para falar da forma como uma obra pode ser escrita: em duas narrativas que ocorrem simultaneamente.
     Seu primeiro grande achado é utilizar os mesmos personagens de “O dia em que Felipe sumiu”, seu livro anterior, que será relançado no segundo semestres e ganhou em 2006 o Prêmio Jabuti na categoria Juvenil , numa história escrita por Bernardo (o mencionado b do título), agora sob a óptica de um autor- narrador-personagem revelado em sua intimidade. A história contada por b gira em torno da investigação empreendida pelos amigos Dora, Hipotenusa, Farelo, Felipe e do cachorro Tobias,a fim de elucidar o desaparecimento de um músico famoso na década de 70.
     Com habilidade, Milu vai costurando as duas narrativas, que não escapam do desafio de compor um painel muito particular da vida de um garoto e sua obra, propondo um instigante questionamento dos limites entre ficção e realidade, verdade e mentira, solidão e inclusão. As tipografias em cores diferentes facilitam o entendimento das sequências, bem como as ilustrações recortadas e bastante vivas de Sergio Magno que conversam muito bem com a trama, num tom bem-humorado.

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