Milu Leite faz uso da metalinguagem e traz de volta personagens de livro
premiado com o
Jabuti em 2006. Bernardo, um adolescente superdotado, vive as
descobertas e os conflitos de alguém que não encontra lugar em seu meio e
se refugia na literatura, escrevendo uma história cujos personagens são
inspirados em um grupo de jovens que ele observa da janela de seu apartamento.
Em “O dia em que b apareceu” (Editora Biruta), a escritora e jornalista Milu
Leite traz uma novela policial que lança mão da metalinguagem para falar da
forma como uma obra pode ser escrita: em duas narrativas que ocorrem simultaneamente.
Seu primeiro grande achado é utilizar os mesmos
personagens de “O dia em que Felipe sumiu”, seu livro anterior, que será
relançado no segundo semestres e ganhou em 2006 o Prêmio Jabuti na categoria
Juvenil , numa história escrita por Bernardo (o mencionado b do título), agora
sob a óptica de um autor- narrador-personagem revelado em sua intimidade. A
história contada por b gira em torno da investigação empreendida pelos amigos
Dora, Hipotenusa, Farelo, Felipe e do cachorro Tobias,a fim de elucidar o
desaparecimento de um músico famoso na década de 70.
Com habilidade, Milu vai costurando as duas
narrativas, que não escapam do desafio de compor um painel muito particular da
vida de um garoto e sua obra, propondo um instigante questionamento dos limites
entre ficção e realidade, verdade e mentira, solidão e inclusão. As tipografias
em cores diferentes facilitam o entendimento das sequências, bem como as
ilustrações recortadas e bastante vivas de Sergio Magno que conversam muito bem
com a trama, num tom bem-humorado.
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