terça-feira, abril 7

Dispersão orquestrada

Fatos são fatos: os vira-latas viraram todos fura-sacos.

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Corre-corre são duas pressas movidas por um tracinho.

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Se é um poeta concretista quem declama, os espectadores da primeira fila devem estar preparados para se esquivar de perdigotos empedregulhados.

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Convidado a visitar o castelo do poeta romântico, o concretista se espanta: que desperdício de areia.

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Posto diante de um poema concreto, São Tomé exigiu: quero ouvir para crer.

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Sejamos justos: o amor não é aquela calamidade toda; é um pouco mais.

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Adolescência é aquela fase em que até palavras como leite provocam arrepios na pele.

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Não há nada mais decepcionante do que aqueles pecados que já na segunda vez se apresentam como hábitos

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Um poeta social não é um artista, é um publicista.

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Justamente no dia em que todos estão predispostos a elogiá-lo, os ouvidos do defunto estão moucos como os de uma estátua.

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Alguns, como eu, acreditam no milagre da poesia desde cedo – e envelhecem acreditando.

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Oh tempora, oh mores: não existe mais a leiteria paulista nem o mappin stores.

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O chato literário não consegue escrever um texto para o jornal do bairro, mas sabe se a espinha de estimação de Shakespeare era a da nádega esquerda ou a da direita.

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Quando eu morrer, não digam nada à Scarlett Johansson. Ela não vai saber quem sou.

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Quando me puserem a de morto, que me sirva a carapuça.

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Escrever uma biografia exige trabalho e pesquisa. Uma autobiografia requer apenas a memória e, quando ela falhar, uma boa imaginação.
Raul Drewnick

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