“Uma queda a pique” devida ao encerramento das livrarias, que são o principal canal de venda a retalho, e cujo “reflexo imediato são milhares de pessoas em layoff ou sem trabalho”, refere a APEL em comunicado. Estes números revelam ainda o crescente agravamento da situação: na semana anterior, compreendida entre 16 a 22 de março, já tinha sido registada uma descida de 63, 3%, correspondente a uma quebra de faturação na ordem dos €1,6 milhões e a menos 121, 6 mil livros vendidos em igual período do ano passado. Ou seja, é como se as réplicas do terramoto fossem cada vez maiores…
A conclusão é simples: são milhares de livros que não chegaram aos leitores, milhões de euros que não alimentam o setor livreiro, um número imenso e variável de profissionais afetados. A APEL fala na rotura financeira iminente, sublinhando as consequências de extrema gravidade para o futuro do mundo editorial, sublinhando que este poderá “não ter condições de recuperação da atual crise”, e apela à criação de “medidas específicas e excepcionais de apoio” para o sector.
A VISÃO colocou cinco perguntas fundamentais a editores portugueses sobre as dificuldades que estão a enfrentar, as medidas concretas que tomaram, e as consequências futuras que imaginam para o mundo do livro, seu e nosso: Ana Afonso, diretora editorial do grupo 20/20 (que reúne as editoras e chancelas Booksmile, Cavalo de Ferro, Elsinore, Fábula, Farol, Influência, Nascente, Topseller e Vogais, a funcionar desde 2009); Bárbara Bulhosa, fundadora e diretora editorial da Tinta da China, editora independente a funcionar desde 2005; Francisco Vale, veterano fundador e responsável da Relógio D’Água, fundada em 1982; e João Paulo Cotrim, fundador e diretor editorial da Abysmo, a funcionar desde 2011, e da Arranha-Céus. O futuro passará por aqui…
Os últimos números de vendas de livros, segundo dados do painel Gfk divulgados pela APEL, dão conta de uma quebra de mais de 80% comparativamente ao ano passado. É um cenário que causará mudanças irreversíveis ou ‘apenas’ mais um capítulo na história de sobrevivência difícil do mundo editorial?
Ana Afonso: Na última crise do sector, faliu uma das grandes editoras nacionais, a Civilização, e as três grandes distribuidoras independentes (Sodilivros, Centralivros e Konsoante). Parece-me inevitável que este cenário venha a repetir-se, nomeadamente entre editoras e livrarias independentes, para quem a perda de faturação durante meses a fio será fatal.
Bárbara Bulhosa: O mercado editorial sofreu grandes alterações nos últimos anos. Não arrisco nenhum cenário, mas temo o fecho de vários livrarias e editoras independentes. Quem não tenha músculo financeiro, ou capacidade de se endividar, terá de parar a sua atividade.
Francisco Vale: Esta é a maior crise editorial de sempre. É possível que no rescaldo da gripe espanhola (1918-201) e da Segunda Guerra Mundial, os números também tenham caído muito, mas o meio editorial tinha outra escala. Sou editor há 40 anos e as maiores quebras registadas foram de 15 a 20% em 2008, e em 1983. Mas desde o tempo da Biblioteca de Alexandria que o livro nos tem acompanhado em todos os momentos difíceis. Se os leitores se mantiverem fiéis à leitura, aos editores, aos livreiros, há condições para vencer esta crise. É possível as livrarias abrirem portas a partir de maio, e isso permitirá aos editores aí colocarem os seus livros. Os livreiros têm um papel central na resolução desta crise: se não assumem os seus compromissos, causam um efeito em cadeia que afeta todos os profissionais do sector. E os leitores devem apoiar, e também comprar online incluindo e-books e audiobooks. Neste momento, verifica-se um aumento de aquisições diretas aos editores; isso é vital, mas não compensa as presenças físicas nas livrarias. Tudo está nas mãos dos leitores.
João Paulo Cotrim: Estou em crer que algumas mudanças poderão ser mesmo irreversíveis, tendo em conta que o mundo editorial assentava em bases frágeis e mistificadas, que começavam no indesmentível facto de não se gostar de livros entre nós, com raízes históricas bem conhecidas, de se ler cada vez menos, pelas razões tecnológicas do presente, e passavam pelo exagero brutal de títulos lançados no mercado, fazendo deste um negócio de venda mais do que edição. A que se somava o militante incumprimento das leis que procuravam regular tenuemente o sector, uma distribuição insipiente e ao serviço dos tubarões habituais, das grandes superfícies que tratam todos os títulos como best-sellers e se viciaram em novidades, algumas delas fraudulentas, e sem esquecer o manhoso, mafioso até, esquema dos saldos. Mas talvez seja alguma esperança a falar e, com um ligeiro sobressalto, se regresse ao negócio do papel impresso em resposta a modismos básicos posto a circular através do esmagamento de margens. Ironicamente, isto aplicado a um produto que ainda tem aquela aura romântica de mudar vidas e, portanto, sem valor comercial.
Como interpreta os muitos apelos de regresso à leitura que têm surgido com o confinamento social?
AA: A leitura traz-nos paz, tranquilidade. Pode bem ser o nosso porto seguro neste período completamente atípico que estamos a atravessar, em que vivemos rodeados de palavras como medo, isolamento, dor, angústia, separação, morte.
BB: Compreendo o apelo e o sentido. Um dos argumentos dos leitores para lerem pouco é a falta de tempo. Estar obrigatoriamente em casa, em princípio, deveria dar-nos esse tempo que tantas vezes desejámos. Contudo, salvo as pessoas que não alteraram substancialmente o seu modo de vida, ou que tenham a capacidade de se fechar sob a atual chuva de informação, não me parece que tal esteja a acontecer. As crianças estão fechadas em casa, os pais em teletrabalho, ou em lay-off, e há uma incerteza no futuro próximo que muitas vezes nos incapacita de forma a nos abstrairmos para ler um bom livro e conseguir sair do mundo com ele.
FV: Em Inglaterra, quando se falou na quarentena, as pessoas acorreram em massa às livrarias para se abastecerem de livros. Em Portugal, esse movimento teve uma expressão muito menor. Não deixa de ser uma oportunidade para a leitura, claro: eu estou a ler livros mais extensos. Só que estar em casa implica estar em teletrabalho, a cuidar dos filhos, a ter responsabilidades acrescidas. Mas os livros não se importam com os pretextos que usamos para os ir buscar às prateleiras. E as leituras não têm que ser relacionadas com pandemias, ainda que haja belíssimos livros sobre o tema: Thomas Mann escreveu sobre a tuberculose, Daniel Defoe sobre a peste em Londres… Se, durante este confinamento, as pessoas querem ler sobre outros temas, há grande literatura capaz de as fazer abstrair de tudo isto. Na Relógio d’Água vamos publicar, já a 17 ou 19 de abril, Frente ao Contágio de Paolo Giordano [físico e autor do livro A Solidão dos Números Primos], um ensaio sobre a Covid-19 e as transformações sociais e culturais que está a causar.
JPC: A chegada a pés juntos do tempo nas nossas vidas, com esta travagem brusca, pode, de facto e, de novo, esperançosamente, mudar alguns comportamentos. Não creio que regressamos a nenhuma época de ouro, que estará sempre por definição em passados e mitos, mas isso exigirá das editoras (e outros atores da tragicomédia editorial) novas respostas que respondam a novas necessidades. Sem dúvida que se abriram as portas de um grande laboratório, assim haja quem queira agora manipular os aceleradores de partículas, que não será a aplicação acéfala de pomada na pele carcomida do marketing. Condenado o objeto livro a uma comunidade de nichos, será daqui que surgirão as propostas mais interessantes.
A sua editora procedeu a mecanismos de lay-off, despedimentos, ajustamento do programa editorial?
AA: A partir de meados de março tornou-se evidente que seria necessário suspender a publicação de novos livros, medida essa que no caso da 20|20 Editora implicará o adiamento da publicação de mais de 150 novos títulos. Todos os eventos com autores foram também cancelados, e aqui se incluía aquele que traria a Portugal o norte-americano Bret Easton Ellis [autor de Psicopata Americano]. Entre os títulos temporariamente suspensos (mas que retomaremos mal haja margem para isso) encontram-se os de autoras de peso como a Nobel da Literatura Olga Tokarczuk, Bernardino Evaristo, que venceu recentemente o Man Booker Prize [com o livro Girl, Woman, Other], e o muito aguardado primeiro romance da autora portuguesa Cláudia Andrade, que têm sido alvo de críticas muito elogiosas na sequência do seu livro de contos Quartos de Final e Outras Histórias, publicado em 2019.
BB: Desde dia 13 de março que a Tinta-da-China está em teletrabalho. Temos estado a finalizar os livros que tínhamos previsto para os próximos meses. No entanto, não fazendo ideia de quando voltaremos a ter mercado, as novidades previstas sairão quando existirem condições. Entretanto, lançámos o novo site da editora, muito mais dinâmico. Vamos continuar a trabalhar na comunicação e no site. Despedimentos não estão em cima da mesa, lay-off depende totalmente das condições externas.
FV: Fizemos um comunicado a reafirmar o nosso compromisso com o livro e os leitores. Adiámos lançamentos, temos livros que estão impressos e outros que estão em preparação. Há livros novos de António Barreto, Djamilia Pereira de Almeida, Jaime Rocha, que estão a avançar. Tínhamos agendados 10 lançamentos em março e outros tantos em abril, que foram adiados para maio. Também vai haver uma readaptação do calendário editorial: a própria Feira do Livro foi adiada e vai estar à espera da sua nova possibilidade. Mas a imunização da população vai ser lenta. Esta é uma crise que será um processo de pára-arranca, de avanços e retrocessos, ao longo do próximo ano e meio.
JPC: A Aysmo, como bom caracol, encolheu-se na casca, sem lay-off nem despedimentos, alimentando ao máximo as vendas on-line, onde está a preparar um conjunto de ações que lhe permitam manter vivos, sobretudo, o conjunto de sete a oito lançamentos (o primeiro romance de Vasco Gato, os regressos de Paulo José Miranda e Luís Carmelo, por exemplo, a reedição de mais um romance de Fernanda Botelho, etc) que tínhamos previsto para este período. Obviamente, o preço a pagar é muito alto, até por termos fechado a galeria.
Crê que o sector editorial deveria ter apoios estatais específicos, à semelhança do que está a ser proposto noutros sectores? Quais?
AA: É curioso que tanto se fale da importância do setor cultural e da urgência de se apoiar o mundo das artes, mas que não tenham surgido até agora quaisquer referências à área editorial, que é alimentada por editoras, livrarias, distribuidoras, gráficas, mas também por um imenso leque de tradutores, revisores, designers, paginadores. Todos eles se viram forçados a parar de um momento para o outro. Sim, urgem medidas de apoio a todas estas entidades, como aliás aconteceu em Espanha e em França, por exemplo.
BB: Sei que um país sem editores ou livreiros independentes é um país irremediavelmente pobre. A concentração editorial e livreira que aconteceu em Portugal nos últimos 15 anos já era um enorme problema para os mais pequenos devido à desigualdade vigente no mercado. Neste sector há milhares de trabalhadores independentes: tradutores, revisores, paginadores, designers. O que está a acontecer pode ser devastador, mas neste momento não sei o que se pode exigir do Estado. Dependerá muito de toda a situação social e económica do país. No entanto, neste, como em outros sectores, deverá ser clarificado quem de facto precisa de apoios estatais. Não me parece razoável que tratem da mesma forma pequenas empresas ou trabalhadores independentes, e grandes grupos editoriais ou cadeias de livrarias.
FV: Eu creio que é importante o Estado apoiar as livrarias, nomeadamente há que ter em consideração a questão das rendas dos espaços que é uma componente importante dos seus custos orçamentais. Mas o Estado devia ter igualmente um apoio direto aos editores, nomeadamente com a aquisição de livros para as Bibliotecas, uma iniciativa que permite a estes manterem os seus compromissos com revisores, tradutores, tipógrafos, etc.
JPC: O modelo de apoio que tem sido posto em prática até agora, no essencial, assenta em moratórias, portanto, em adiamentos, e coloca-nos nas mãos, sempre ternas e cuidadosas, da banca. Mais: deste Ministério da Cultura não se pode esperar pensamento estratégico, pelo que preferia um radical conservadorismo, ou seja, o regresso em força das políticas de apoio que foram sendo desagregadas nos últimos anos: a compra, talvez reforçada no contexto, de exemplares para as Bibliotecas Escolares e da Rede de Leitura Pública; o regresso dos apoios a novos autores, à reedição dos clássicos; a criação, sempre adiada do fundo de apoio à compra de fundos para as livrarias independentes; um lançamento extraordinário das bolsas de criação literária, etc. Todas estas medidas estão estudadas, algumas foram já aplicadas, pelo que seria ágil, com vontade política, ativá-las. E outras medidas, a pensar nos novos comportamentos, que apoiem as múltiplas experiências que usem novas tecnologias no apoio à leitura.
Depois da Covid-19, que cenário encontraremos nas editoras, nas vendas e nos hábitos de leitura?
AA: Muito pouco mudará, acredito. O e-book crescerá de valores minúsculos para valores mínimos, o áudio book continuará a ser uma experiência falhada, e resistirá o livro em papel, mas publicado por menos casas editoriais, pois algumas não resistirão, e vendido em menos livrarias, porque muitas vão fechar.
BB: Os livros nunca deixarão de existir, as pessoas não deixarão de os ler. Contudo, acredito que só sobreviverão as editoras que tenham capacidade financeira ou capacidade de se reinventar.
FV: As grandes epidemias provocaram sempre grandes transformações nas estruturas sociais. Mas sob a forma de papiro, de papel, ou de áudio book, o livro tem sido uma constante na sociedade humana, e não vai ter menos importância no futuro. Um dos efeitos desta situação é que haja uma certa uniformização editorial: os grandes grupos vão-se impor face às pequenas editoras (que procuram soluções mais imaginativas), e vão querer recuperar rapidamente as perdas e só o conseguem, por exemplo, impondo uma lógica de bestsellers. Tudo dependerá do comportamento das livrarias na saída desta crise: se estas optarem por uma certa facilidade e por destacar sobretudo os bestsellers, esta será uma estratégia que se virará contra si. Mas penso que irá aumentar a aquisição do e-book e do audiolivro (este, hoje, escutado em vários suportes). A Covid-19 vai fazer Portugal recuperar o atraso, relativamente a outros países, no acentuar e acelerar destas tendências.
JPC: Nas vendas o cenário será dramático, também devido à miséria geral que se espalhará no pós-confinamento, tanto mais que o livro está longe de ser lido, passe a ironia, como bem de primeira necessidade. Quanto aos hábitos de leitura, poderia ser uma oportunidade para que as editoras resolvessem pensar mais na qualidade do que editam, com mais tempo para trabalhar os seus livros, com tempo para que estes respirassem nas livrarias, desafiando a comunicação social a devolver-lhes a atenção que triturou em páginas cegas e esparsas de entretenimento, convocando outros saberes para criar novos modelos. Podia ainda ser o momento para repensar o Plano Nacional de Leitura, agora à deriva e sem meios, ou, pelo menos, para haver uma grande e integrada campanha, capaz de se tornar desígnio nacional, que procure meter alguma areia na engrenagem dos tempos. Causa perdida? Para as multidões, claro. Mas parece chegado o tempo das imensas maiorias. Nunca fomos todos o mesmo. E os bons livros param o tempo, descobrem o passado, inventam o futuro. Ou vice-versa.
JPC: O modelo de apoio que tem sido posto em prática até agora, no essencial, assenta em moratórias, portanto, em adiamentos, e coloca-nos nas mãos, sempre ternas e cuidadosas, da banca. Mais: deste Ministério da Cultura não se pode esperar pensamento estratégico, pelo que preferia um radical conservadorismo, ou seja, o regresso em força das políticas de apoio que foram sendo desagregadas nos últimos anos: a compra, talvez reforçada no contexto, de exemplares para as Bibliotecas Escolares e da Rede de Leitura Pública; o regresso dos apoios a novos autores, à reedição dos clássicos; a criação, sempre adiada do fundo de apoio à compra de fundos para as livrarias independentes; um lançamento extraordinário das bolsas de criação literária, etc. Todas estas medidas estão estudadas, algumas foram já aplicadas, pelo que seria ágil, com vontade política, ativá-las. E outras medidas, a pensar nos novos comportamentos, que apoiem as múltiplas experiências que usem novas tecnologias no apoio à leitura.
Depois da Covid-19, que cenário encontraremos nas editoras, nas vendas e nos hábitos de leitura?
AA: Muito pouco mudará, acredito. O e-book crescerá de valores minúsculos para valores mínimos, o áudio book continuará a ser uma experiência falhada, e resistirá o livro em papel, mas publicado por menos casas editoriais, pois algumas não resistirão, e vendido em menos livrarias, porque muitas vão fechar.
BB: Os livros nunca deixarão de existir, as pessoas não deixarão de os ler. Contudo, acredito que só sobreviverão as editoras que tenham capacidade financeira ou capacidade de se reinventar.
FV: As grandes epidemias provocaram sempre grandes transformações nas estruturas sociais. Mas sob a forma de papiro, de papel, ou de áudio book, o livro tem sido uma constante na sociedade humana, e não vai ter menos importância no futuro. Um dos efeitos desta situação é que haja uma certa uniformização editorial: os grandes grupos vão-se impor face às pequenas editoras (que procuram soluções mais imaginativas), e vão querer recuperar rapidamente as perdas e só o conseguem, por exemplo, impondo uma lógica de bestsellers. Tudo dependerá do comportamento das livrarias na saída desta crise: se estas optarem por uma certa facilidade e por destacar sobretudo os bestsellers, esta será uma estratégia que se virará contra si. Mas penso que irá aumentar a aquisição do e-book e do audiolivro (este, hoje, escutado em vários suportes). A Covid-19 vai fazer Portugal recuperar o atraso, relativamente a outros países, no acentuar e acelerar destas tendências.
JPC: Nas vendas o cenário será dramático, também devido à miséria geral que se espalhará no pós-confinamento, tanto mais que o livro está longe de ser lido, passe a ironia, como bem de primeira necessidade. Quanto aos hábitos de leitura, poderia ser uma oportunidade para que as editoras resolvessem pensar mais na qualidade do que editam, com mais tempo para trabalhar os seus livros, com tempo para que estes respirassem nas livrarias, desafiando a comunicação social a devolver-lhes a atenção que triturou em páginas cegas e esparsas de entretenimento, convocando outros saberes para criar novos modelos. Podia ainda ser o momento para repensar o Plano Nacional de Leitura, agora à deriva e sem meios, ou, pelo menos, para haver uma grande e integrada campanha, capaz de se tornar desígnio nacional, que procure meter alguma areia na engrenagem dos tempos. Causa perdida? Para as multidões, claro. Mas parece chegado o tempo das imensas maiorias. Nunca fomos todos o mesmo. E os bons livros param o tempo, descobrem o passado, inventam o futuro. Ou vice-versa.
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