sexta-feira, março 12

Tragédias

Oguz Gurel (Turquia)

Uma colega minha mandou-me um recorte de jornal que, se não fosse bastante próximo do que eu já esperava, deitaria abaixo qualquer pessoa que trabalha no ramo dos livros, fazendo-a querer mudar imediatamente de sector. Tem que ver com o estado da leitura em Portugal... que é catastrófico, e não é de hoje. Segundo o Eurobarómetro, dos 27 países da União Europeia, Portugal era em 2013 o último da lista dos que tinham lido pelo menos três ou cinco livros num ano (só 12,5% dos portugueses tinham lido cinco livros num ano e, no país pior a seguir a nós, a Roménia, eram 18,5% os que o tinham feito; no caso dos três livros, a diferença era ainda mais gritante: de 18,7% para 30,5%). Entre 2007 e 2016, houve, porém, uma queda no número dos que tinham lido em Portugal pelo menos um livro (só um!), de 44,7% para 39,5%, concluindo o estudo que, no ano de 2015, houve cerca de 62% de portugueses que não leram um único livro. Com a pandemia e os períodos de confinamento obrigatório, em muitíssimos países europeus cresceu muito significativamente o número de leitores. Aqui, porém, com o fecho das livrarias, a proibição temporária de venda de livros noutros espaços, a desconsideração votada ao livro pelos responsáveis governamentais e, por outro lado, os meninos agarrados aos computadores o dia todo (para a escola e não só), não há esperança de os números melhorarem. Até tenho medo de ver os dados do Eurobarómetro de 2019. A leitura está cada vez mais confinada num grupelho de malucos como nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário