Era sempre grande coisa, o baile anual das senhoritas Morkan. Vinha todo mundo que conhecia as duas, gente da família, velhos amigos da família, os membros do coro de Julia, todos os alunos de Kate que fossem grandinhos, e até um ou outro dos alunos de Mary Jane, também. Nunca era sem graça. Por anos a fio o baile tinha sido um sucesso esplêndido, até onde a memória alcançava; desde que Kate e Julia, depois da morte de Pat, o irmão delas, tinham se mudado da casa de Stoney Batter e trazido Mary Jane, que era a única sobrinha, para morar com elas naquela casa escura e soturna na Usher’s Island, no piso superior, que elas tinham alugado do sr. Fulham, da venda de grãos no térreo. Isso tinha já bem trinta anos. Mary Jane, que na época era uma menininha de roupinha curta, agora era o centro da casa, pois era ela que tocava órgão na Haddington Road. Ela estudou no Conservatório e dava um concerto com os alunos dela todo ano na sala de cima do Antient Concert Rooms. Vários alunos dela eram das famílias mais bem de vida na linha Kingstown-Dalkey. Por mais que estivessem velhas, as tias dela também faziam sua parte. Julia, apesar de estar bem grisalha, ainda era a soprano principal na igreja de Adão e Eva, e Kate, fraquinha demais para andar muito por aí, dava aula de música para iniciantes naquele piano velho de armário no quarto dos fundos. Lily, a filha do zelador, trabalhava de arrumadeira para elas. Apesar de levarem uma vida simples, elas acreditavam em comer bem; o melhor de tudo: carne de primeira, chá de três xelins e cerveja preta engarrafada da melhor. Mas Lily quase nunca se atrapalhava com as compras, para não irritar as três patroas. Elas eram de fazer cena, só isso. Mas a única coisa que elas não toleravam mesmo era uma resposta malcriada.
quinta-feira, fevereiro 10
Assim começa...
Lily, a filha do zelador, estava literalmente perdendo a cabeça. Mal levava um cavalheiro até a despensa lá atrás do escritório no térreo e ajudava o cavalheiro a tirar o sobretudo e já a campainha resmunguenta da porta de entrada batia de novo e ela precisava se descambar pelo corredor vazio para receber mais um convidado. Só faltava ela ter que cuidar das senhoras também. Mas a srta. Kate e a srta. Julia tinham pensado nisso e tinham transformado o banheiro do primeiro andar num camarim para as senhoras. A srta. Kate e a srta. Julia estavam lá, fofocando e rindo e fazendo cena, indo uma atrás da outra até o alto da escada, espiando por cima da balaustrada e gritando para Lily dizer quem tinha chegado.
Era sempre grande coisa, o baile anual das senhoritas Morkan. Vinha todo mundo que conhecia as duas, gente da família, velhos amigos da família, os membros do coro de Julia, todos os alunos de Kate que fossem grandinhos, e até um ou outro dos alunos de Mary Jane, também. Nunca era sem graça. Por anos a fio o baile tinha sido um sucesso esplêndido, até onde a memória alcançava; desde que Kate e Julia, depois da morte de Pat, o irmão delas, tinham se mudado da casa de Stoney Batter e trazido Mary Jane, que era a única sobrinha, para morar com elas naquela casa escura e soturna na Usher’s Island, no piso superior, que elas tinham alugado do sr. Fulham, da venda de grãos no térreo. Isso tinha já bem trinta anos. Mary Jane, que na época era uma menininha de roupinha curta, agora era o centro da casa, pois era ela que tocava órgão na Haddington Road. Ela estudou no Conservatório e dava um concerto com os alunos dela todo ano na sala de cima do Antient Concert Rooms. Vários alunos dela eram das famílias mais bem de vida na linha Kingstown-Dalkey. Por mais que estivessem velhas, as tias dela também faziam sua parte. Julia, apesar de estar bem grisalha, ainda era a soprano principal na igreja de Adão e Eva, e Kate, fraquinha demais para andar muito por aí, dava aula de música para iniciantes naquele piano velho de armário no quarto dos fundos. Lily, a filha do zelador, trabalhava de arrumadeira para elas. Apesar de levarem uma vida simples, elas acreditavam em comer bem; o melhor de tudo: carne de primeira, chá de três xelins e cerveja preta engarrafada da melhor. Mas Lily quase nunca se atrapalhava com as compras, para não irritar as três patroas. Elas eram de fazer cena, só isso. Mas a única coisa que elas não toleravam mesmo era uma resposta malcriada.
Está certo que elas tinham por que fazer cena numa noite dessas. E também já passava bastante das dez e ainda nada de Gabriel e da esposa. Além de tudo elas estavam morrendo de medo que o Freddy Malins acabasse aparecendo torto. Elas não queriam nem pensar que um dos aluninhos de Mary Jane pudesse ver o Freddy alcoolizado; e quando ele estava daquele jeito às vezes era bem difícil lidar com ele. Freddy Malins sempre chegava tarde, mas elas estavam cismadas com o motivo da demora de Gabriel: por isso as duas iam de dois em dois minutos até a balaustrada perguntar a Lily se Gabriel ou Freddy tinham chegado.
Era sempre grande coisa, o baile anual das senhoritas Morkan. Vinha todo mundo que conhecia as duas, gente da família, velhos amigos da família, os membros do coro de Julia, todos os alunos de Kate que fossem grandinhos, e até um ou outro dos alunos de Mary Jane, também. Nunca era sem graça. Por anos a fio o baile tinha sido um sucesso esplêndido, até onde a memória alcançava; desde que Kate e Julia, depois da morte de Pat, o irmão delas, tinham se mudado da casa de Stoney Batter e trazido Mary Jane, que era a única sobrinha, para morar com elas naquela casa escura e soturna na Usher’s Island, no piso superior, que elas tinham alugado do sr. Fulham, da venda de grãos no térreo. Isso tinha já bem trinta anos. Mary Jane, que na época era uma menininha de roupinha curta, agora era o centro da casa, pois era ela que tocava órgão na Haddington Road. Ela estudou no Conservatório e dava um concerto com os alunos dela todo ano na sala de cima do Antient Concert Rooms. Vários alunos dela eram das famílias mais bem de vida na linha Kingstown-Dalkey. Por mais que estivessem velhas, as tias dela também faziam sua parte. Julia, apesar de estar bem grisalha, ainda era a soprano principal na igreja de Adão e Eva, e Kate, fraquinha demais para andar muito por aí, dava aula de música para iniciantes naquele piano velho de armário no quarto dos fundos. Lily, a filha do zelador, trabalhava de arrumadeira para elas. Apesar de levarem uma vida simples, elas acreditavam em comer bem; o melhor de tudo: carne de primeira, chá de três xelins e cerveja preta engarrafada da melhor. Mas Lily quase nunca se atrapalhava com as compras, para não irritar as três patroas. Elas eram de fazer cena, só isso. Mas a única coisa que elas não toleravam mesmo era uma resposta malcriada.
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